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'Retiro de verão dos bilionários': participantes aprovam luta entre Zuckerberg e Musk

Empresário Bill Gates; de Tim Cook, da Apple; Sam Altman, da OpenAI; Warren Buffett, da Berkshire Hathaway; e Dara Khosrowshahi, da Uber estiveram no evento

Mark Zuckerberg e Elon Musk ficam mais ricosMark Zuckerberg e Elon Musk ficam mais ricos - Foto: Mandel Ngan and Alain Jocard/AFP

A Sun Valley Conference ocorreu na última semana. Organizado pelo banco de investimentos Allen & Company, o evento anual reúne os mais importantes executivos do Vale do Silício, grandes empresas de mídia e entretenimento e líderes políticos em um resort em Idaho. Conhecido como o retiro de verão dos bilionários, oferece quatro dias de conferências e a chance de jogar golfe com as pessoas mais poderosas do mundo. No dia 12 de julho, circulou neste clube exclusivo uma mensagem de que todos eram a favor da luta entre Mark Zuckerberg e Elon Musk.

O endosso não veio de qualquer um. Foi dublado pelo magnata de extrema-direita Peter Thiel durante uma conversa com Marc Andreessen, o homem que dirige um dos maiores fundos de capital de risco do Vale do Silício. Andreessen fez fortuna como um dos primeiros investidores no navegador Netscape Navigator e no Facebook, onde tem assento no conselho de administração. Segundo o jornalista Dylan Byers, o executivo afirmou que a suposta disputa entre Zuckerberg e Musk significaria trazer de volta a forma como os humanos lutavam no passado.

Ainda não há data ou local para o confronto, nem há indícios de que ocorra além das provocações da dupla. Na semana passada, Israel Adesanya, lutador profissional da liga de artes marciais mistas do UFC, postou uma foto no Instagram posando com Zuckerberg e o campeão de artes marciais Alexander Volkanovski. Todos sem camisa. “É uma honra treinar com vocês”, comentou Zuckerberg, o empresário de 39 anos.

Mas o mundo não precisa esperar que Musk e Zuckerberg se envolvam em confrontos diretos. A verdadeira guerra já começou. O lançamento do Threads, um clone do Twitter projetado por engenheiros da Meta, aumentou a rivalidade entre os gigantes de Palo Alto. O Threads levou apenas cinco dias para atingir 100 milhões de usuários, um marco para qualquer plataforma com as inscrições representando “principalmente demanda orgânica e ainda nem ativamos muitas promoções”, postou Zuckerberg no Threads. Enquanto isso, Musk ameaçou processar seu rival por roubo de segredo comercial.

O interesse de Zuckerberg em uma plataforma estilo Twitter não é novo. Em outubro de 2008, o empresário tentou comprar o Twitter, como explica Nick Bilton em seu livro Hatching Twitter. Na ocasião, o CEO do Facebook se reuniu com Ev Williams e Biz Stone, dois cofundadores da plataforma de microblogging, que na época contava com 11 milhões de usuários. A cifra de US$ 500 milhões estava sobre a mesa. Em uma tentativa de aplicar mais pressão, Zuckerberg insinuou em e-mails que sua equipe poderia, mais cedo ou mais tarde, desenvolver uma plataforma semelhante. O conselho do Twitter rejeitou o acordo, em parte devido a um conflito percebido na cultura de trabalho das diferentes empresas.

Entre os novos usuários do Threads está @elonmuskjet, uma conta administrada pelo estudante universitário Jack Sweeney que publica os movimentos do jato particular do proprietário da Tesla. A conta teve origem no Twitter em 2020, mas foi banida em dezembro, menos de dois meses depois que Musk fechou a aquisição da plataforma por US$ 44 bilhões – isso apesar do empresário ter dito anteriormente que não suspenderia tais contas como sinal de seu compromisso com a liberdade de expressão.

A Meta não atualizou seu número de usuários, mas em 14 de julho, o chefe do Threads confirmou que eles ainda estavam no caminho certo. De acordo com Adam Mosseri, o chefe do Instagram que está fortemente envolvido no novo aplicativo social, “crescimento, retenção e engajamento estão muito à frente de onde eu esperava que estivéssemos neste momento”. O progresso, no entanto, foi questionado por empresas independentes. A Sensor Tower e a Similarweb, empresas que analisam o tráfego da Internet, afirmam que a taxa de entrada de novos usuários caiu 25%. O tempo médio de navegação também caiu de 20 minutos para 10.

Analistas econômicos nos EUA decretaram este “o verão de Zuck”. O empresário parece ter desacelerado seu empreendimento metaverso, uma realidade virtual que foi recebida com uma avalanche de críticas. Ele também fez cortes dentro da empresa, movimento feito por todas as grandes empresas do setor nos últimos 18 meses. Desde novembro, cerca de 21.000 pessoas foram demitidas do império de Zuckerberg. Wall Street aceitou bem a redução do tamanho das empresas. As ações da Meta triplicaram desde outubro, subindo acima de US$ 300 por ação. Eles são os segundos com melhor desempenho em 2023, perdendo apenas para a fabricante de microprocessadores NVIDIA.

Enquanto isso, o cenário da mídia social não tem sido fácil para Musk. Antes do lançamento do Threads, ele e sua equipe imediata estavam focados em aumentar as receitas de publicidade no Twitter, que caíram 60% em relação aos primeiros cinco meses de 2022. O objetivo de Linda Yaccarino, CEO escolhida por Musk para comandar a empresa, é chegar a US$ 3 bilhões, valor bem abaixo dos US$ 5,1 bilhões arrecadados em publicidade na gestão anterior.

Após o lançamento do Threads, Musk postou um gráfico afirmando que o uso de sua rede social aumentou 3,5% por semana. Ele também se destacou como empresário ao anunciar uma nova empresa dedicada à inteligência artificial que competirá com a OpenAI, que criou o ChatGPT. Em uma palestra em 14 de julho, Musk e a equipe da empresa, xAI, não especificaram quais produtos oferecerão ou quando estarão disponíveis.

Mas nada disso foi suficiente para apagar da consciência coletiva o caos que assolou o Twitter nas últimas semanas. Os usuários de direita mais radicais voltaram, as portas foram abertas para o polêmico apresentador demitido da Fox News, Tucker Carlson, e o número de postagens disponíveis para quem não paga pelo serviço foi limitado.

Em meio ao caos, Musk abriu mais uma frente em sua batalha pela sobrevivência, decidindo levar o escritório de advocacia que o fez encerrar a operação de compra do Twitter ao tribunal de San Francisco. A X Corp, empresa proprietária do Twitter, está processando a Wachtell Lipton Rosen & Katz, uma das empresas mais conceituadas do mundo por fusões e aquisições, por “enriquecimento sem causa”. De acordo com o processo, a Wachtell Lipton Rosen & Katz cobrou US$ 90 milhões pelo caso. Mas, além de cobrar por seus serviços por hora, a empresa pedia um adiantamento de US$ 200.000, mais uma porcentagem do resultado da transação. Os advogados cobram pelo menos 1% para transações abaixo de US$ 250 milhões e 0,1% para negócios acima de US$ 25 bilhões. Se o processo for adiante, Mark Zuckerberg não será o único peso pesado a brigar com Musk.

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