Logo Folha de Pernambuco

ENERGIA

Risco de racionamento dobra para 10% e deve pressionar ainda mais inflação, diz Itaú

Crise hídrica afeta alguns dos principais reservatórios das hidrelétricas do país

Crise hídrica afeta alguns dos principais reservatórios das hidrelétricas do paísCrise hídrica afeta alguns dos principais reservatórios das hidrelétricas do país - Foto: Marcos Santos/USP

O risco de um racionamento de energia no país, por conta da crise hídrica que afeta o nível dos principais reservatórios das hidrelétricas aumentou de 5% para 10%, segundo projeções da equipe de macroeconomia do Itaú Unibanco.

A crise hídrica, com chuvas abaixo da média desde abril, tem levado o país a um cenário preocupante, o que aumenta os temores de um racionamento, lembra Mario Mesquita, economista-chefe do banco.
Isso fez com que o Itaú aumentasse as projeções para um risco de racionamento e, mesmo que a crise não escale para esse patamar, não é possível descartar que algumas regiões tenham períodos de escassez generalizada.

Nesse cenário de maior pressão sobre o setor elétrico, com nova elevação da tarifa de energia pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o banco prevê que a inflação pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor - Amplo) possa chegar a 8% este ano –ante a previsão atual de 6,9%, já bem acima do teto da meta para 2021, de 5,25%.

O novo valor da bandeira tarifária deve ser anunciado pelo governo nesta terça-feira (31). O aumento servirá para bancar a operação de usinas térmicas, mais caras, e há uma expectativa de que o valor seja elevado em ao menos 50%.

"O IPCA já está elevado e disseminado e com a crise hídrica há um viés de alta para este ano", diz Mesquita. Segundo ele, os preços continuam pressionados ainda por conta de gargalos na indústria. E a inflação de serviços deve se manter persistente, com a recuperação paulatina do mercado de trabalho.


A restrição na oferta de componentes na indústria também faz com que os analistas antevejam uma recuperação mais lenta para o PIB (Produto Interno Bruto).

Ele também apontou que o impacto da crise de energia no PIB vai depender do tamanho do racionamento ou da redução forçada da demanda. Segundo o banco, para cada redução de 1 ponto percentual na demanda é esperada uma perda de 0,2 ponto no PIB.

Os economistas lembraram que a maioria dos países latinos vê uma queda no contágio e recuperação da atividade econômica. Todos os países que têm meta de inflação estão com o índice acima da meta.
"Este ano, o lado fiscal é menos expansionista, mas ainda estamos convivendo agora com as consequências da política monetária de juros baixos no começo do ano. Há também uma mola comprimida do setor de serviços e que está sendo descomprimida", completa Mesquita.

Para 2022, a maior parte desses motores não terá o mesmo efeito sobre a atividade econômica, e o crescimento esperado pelo Itaú Unibanco para o PIB do ano que vem é de 1,5%.

"O Brasil cresce mais quando os juros aqui estão baixos e o mundo está crescendo. Ano que vem, o lado fiscal vai ser mais contracionista, o mundo vai crescer menos e a normalização dos setores após as medidas de isolamento, em boa medida, já vai ter acontecido."

O Itaú também vê uma recuperação mais firme do emprego formal, a partir dos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), mas a ocupação que inclui os trabalhadores informais, medida pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua ainda distante do patamar de antes da pandemia e do pleno emprego antes da crise de 2015 e 2016.

Nesta terça-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a taxa de desemprego do país pela Pnad Contínua recuou para 14,1% no segundo trimestre deste ano. Apesar de uma redução ante o trimestre anterior, o Brasil ainda tem 14,4 milhões de desempregados.

No cenário externo, a perspectiva de retirada de estímulos do Fed (o banco central norte-americano) tem feito os países emergentes anteciparem a alta de juros.

Já para a China, o cenário tende a ser mais desafiador no segundo semestre, lembra a equipe do banco. O país precisa conviver com novas restrições decorrentes da Covid-19 e vai ser necessário usar mais medidas de restrição de circulação como estratégia para conter o vírus.

As exportações chinesas devem perder força e também podem impactar nos resultados da economia do país o aumento na regulação das empresas de tecnologia e o aperto de crédito e de regulação.

Veja também

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"
IA

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração
Economia argentina

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Newsletter