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ECONOMIA

Risco fiscal elevado pode levar a nova alta de juros no início de 2023, dizem ex-presidentes do BC

Gustavo Franco e Afonso Celso Pastores participaram de evento do Itaú BBA

Fachada do Banco Central do BrasilFachada do Banco Central do Brasil - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Se o mercado apostava numa queda da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central, já no segundo semestre de 2023, o risco fiscal pode mudar essa expectativa. A avaliação é de dois ex-presidentes do Banco Central: Gustavo Franco, colunista do Globo, e Afonso Celso Pastore, que participaram do evento Macro Vision, promovido pelo Itaú BBA para discutir as perspectivas para a economia.

"Tivemos um Copom ontem e o BC não mexeu na Selic, que ficou em 13,75%. Teremos outro em março e o risco fiscal estiver com 'uma cara ruim' o BC vai ter que subir os juros", disse Gustavo Franco.

Hoje, circularam rumores no mercado de que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva poderia manter o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, cujo mandato à frente da autoridade monetária termina em 2024.

"Se o Roberto tiver que subir os juros em março, quero ver se vai ter recondução", questionou Franco. "Uma política fiscal 'bagunçada' tende a provocar aumento de juros", disse Franco.

Pastore também concorda que há precificação para subida de juros, dependendo do que acontecer com o fiscal. Ele também vê conflito numa política monetária contracionista (ciclo de alta de juros que começou em 2021) e aumento de gastos.

"Tem precificação para subida de juros, dependendo do fiscal. E há um conflito entre mais gasto e política monetária restritiva que terá que se resolver", disse Pastore.

BC manteve os juros em 13,75%

O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada nesta quarta-feira. Essa era a expectativa do mercado, diante de um arrefecimento da inflação no país e de poucas alterações no cenário internacional, considerado adverso e volátil.

"O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e de 2024.

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