Saiba como empreender durante a pandemia
Pretendendo iniciar um negócio? Confira dicas e tendências de empreendimentos pós-pandemia
A instabilidade econômica ocasionada pela pandemia do Covid-19 provocou o aumento no número de desempregados em todo o País. Segundo o IBGE, 472 mil pernambucanos estavam fora do mercado de trabalho em junho. Essa incerteza sobre o futuro e a necessidade de gerar receita faz com que aumente o número de pessoas que querem iniciar o próprio negócio. Foi o caso da publicitária Nathalia Alencar, quando decidiu abrir a Noar - especializada em ilustrações feitas à mão e por encomenda.
Após interromper o intercâmbio por causa da pandemia, ela começou a postar em suas redes sociais as ilustrações que fazia na quarentena, ainda sem objetivo de monetizar. O retorno dos seguidores, porém, fez o hobby se tornar uma oportunidade de trabalho. “Partindo da necessidade de estar ativa dentro de casa, eu comecei a pintar, desenhar na mão, saí do computador e comecei a experimentar algumas coisas diferentes. À medida que eu ia postando, as pessoas começaram a interagir, foi então que eu vi que surgir uma demanda e a ideia de empreender”, afirmou Nathalia.
Mas empreender durante a pandemia não é uma tarefa das mais fáceis e algumas dicas simples podem facilitar o processo. Começando o empreendimento enxuto, com presença digital e produtos oferecendo experiências afetivas, a Noar é um exemplo de modelo de negócio que pode dar certo neste período. Segundo especialistas, existe uma tendência de as pessoas valorizarem a experiência proporcionada pela loja, indo além do produto em si. E é isto que Nathália busca passar para os seus clientes. “A pandemia aflorou nossos sentimentos, e pelo fato de estarmos mais emotivos, a gente tenta encontrar afeto em tudo o que nos cerca. Não seria diferente na hora de uma compra”, explicou a empreendedora.
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Algumas tendências de negócios já eram observadas antes da pandemia, porém foram aceleradas neste período. O analista do Sebrae, Vitor Abreu, lista alguns exemplos: “A preocupação com a saúde e o bem-estar era algo que as pessoas já buscavam e isso agora tende a aumentar. Também existe a busca por produtos e serviços sustentáveis, que envolve responsabilidade social em todos os sentidos. O consumidor está cada vez mais atento às marcas que promovem o chamado consumo verde”, afirmou o analista.
“A tecnologia voltada a negócios também é um segmento que deve prosperar após a pandemia. Serviços de automação e utilização de inteligência artificial já começaram a ser implementados em empresas. Hoje vemos até impressora 3D que produz alimento. Então abrir uma empresa voltada à tecnologia é algo promissor”, analisou Vitor Abreu.
Mesmo que o futuro empresário decida ter um negócio nestes segmentos, é importante que ele não se precipite. Antes de começar qualquer empreendimento, é preciso fazer um estudo sobre o mercado para ter a certeza de que o seu produto ou serviço não se tornará obsoleto em pouco tempo. Além disso, é fundamental estar atento às mudanças comportamentais que a pandemia do coronavírus causou nos consumidores.
“Observamos que muita gente que foi demitida utiliza as verbas rescisórias para empreender. Porém, se a pessoa não fizer um estudo adequado, acaba com um prejuízo maior, pois não terá mais a segurança financeira proporcionada pelas verbas rescisórias”, afirmou Rafael Ramos, economista da Fecomércio - PE.
Além do estudo sobre o mercado, o empresário deve traçar o perfil do seu cliente e elaborar a presença digital da empresa, para ir além das redes sociais. “O primeiro passo, considerando as mudanças no perfil de consumo, é analisar a forma de pensar do consumidor, entender que ele está mais preocupado com sua saúde e bem-estar. Também é preciso acompanhar o impacto tecnológico no segmento”, explicou Vitor Abreu. Por fim, é recomendado que a empresa comece enxuta. A vantagem se deve ao fato de que é mais fácil você aumentar a sua empresa do que reduzi-la. “Costumamos dizer que uma empresa enxuta é fácil começar, adaptar e terminar”, finalizou Vitor Abreu.