Saiba como organizar os custos do fim de ano
Ceias, confraternizações e amigos-secretos geram gastos que, somados às despesas do recorrentes do período inicial do ano, podem comprometer o orçamento
Com o fim de ano batendo à porta, o clima de celebração, compras de Natal, viagens e confraternizações são pautas frequentes. Assim, essa época acaba se tornando um desafio para o equilíbrio financeiro de muitas pessoas. Os gastos com presentes, festas e viagens, quando somados aos custos comuns do início do ano – como despesas escolares, IPTU e IPVA – podem comprometer o orçamento. Para evitar o gasto descomunal e, consequentemente, o endividamento, é fundamental apostar no planejamento financeiro e adotar uma conduta de consumo mais moderada.
Segundo a pesquisa sobre a disposição dos consumidores para compras neste Natal, realizada pelo RECLAME AQUI, 56,16% dos entrevistados afirmaram que vão presentear alguém nessa importante data do calendário comercial. O percentual de inclinação à compra aumentou este ano em comparação ao ano anterior, quando 42,45% afirmaram que não fariam a aquisição. Além disso, o número de indecisos também diminuiu: em 2023, 40,65% não tinham certeza se comprariam, enquanto neste ano esse índice caiu para 22,48%.
Para o economista Rhaldney Piauilino, a estratégia recomendada para esta época do ano é realizar pagamentos à vista, aproveitando os descontos oferecidos. Essa prática também facilita o controle dos gastos, já que o saldo da conta diminui a cada compra realizada, tornando mais evidente o impacto financeiro.
“Outra estratégia útil é a elaboração de listas para evitar compras por impulso. É recomendável organizar os itens por ordem de prioridade, avaliar o custo total necessário para atender a lista e, caso não seja possível realizar todas as compras, definir até onde o orçamento permite avançar com base nas prioridades estabelecidas”, explicou o especialista.
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Como conselho, Piauilino também pontuou que o uso de cartão de crédito deve ser evitado, pois ele pode criar a falsa sensação de que ainda há recursos disponíveis, levando a gastos excessivos.
“Muitas vezes, isso resulta em faturas no mês seguinte que superam o salário mensal. Por esse motivo, é preferível optar pelo débito, que oferece maior controle financeiro. No entanto, para aqueles que possuem cartões de crédito que acumulam milhas, uma alternativa é utilizá-los, mas pagando imediatamente ou reduzindo o limite do cartão ao valor estipulado para os gastos planejados”, citou.
Planejamento
O 13º salário, tradicionalmente utilizado para impulsionar o consumo durante as festas de final de ano, deve ser utilizado com cautela. Ele pode ser direcionado para quitar dívidas, investir ou cobrir os custos das festas, dependendo da situação financeira de cada pessoa. Uma recomendação útil é não incluir o 13º no planejamento financeiro anual, permitindo mais liberdade para decidir como utilizá-lo.
“Se há dívidas pendentes, o ideal é priorizar o pagamento dessas obrigações, evitando o acúmulo de juros e a formação de uma "bola de neve" financeira. Caso não haja dívidas, o 13º pode ser dividido para atender diferentes objetivos, como reservar uma parte para as festividades de fim de ano, realizar aquela viagem planejada ao longo do ano ou até mesmo acelerar investimentos com foco em alcançar a liberdade financeira”, acrescentou Piauilino.
A servidora pública, Ítala Laís, contou que as despesas de final de ano ficam por conta de uma parte do décimo terceiro. “Geralmente, peço adiantamento da primeira para cumprir alguma meta, este ano trocamos de carro e a primeira metade foi usada nessa realização. Fica por conta da segunda metade as minhas confraternizações e as das crianças”, pontuou Ítala.
Início de ano
Além dos gastos fixos, os meses iniciais de um ano vêm acompanhados de contas extras. Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) já mostrou que quase 90% dos brasileiros ficam com as finanças desajustadas por conta dos gastos do começo do ano, como IPVA, IPTU e material escolar.
“Pagar contas fixas como IPTU e IPVA, de forma antecipada e à vista, geralmente oferece descontos significativos, representando uma economia vantajosa. Para aproveitar esses benefícios, uma estratégia recomendada é destinar parte do 13º salário ou reservar gradualmente uma parte do salário ao longo do ano, permitindo que o pagamento seja feito à vista na data estipulada. Dessa forma, além de regularizar as obrigações, é possível reduzir os custos com impostos”, explicou o economista.
É o que faz a contadora e autônoma, Tállita Lira, que se organiza desde o começo do ano, reservando uma quantia mensal para suprir as despesas extras do primeiro trimestre.
“Além disso, tenho outras obrigações, como a taxa do meu conselho de classe. Como já sei o valor aproximado, também vou guardando um pouco a cada mês. O mesmo vale para outros conselhos e despesas fixas que vencem no início do ano, como o seguro do carro. Vou reservando o valor com antecedência para não ser surpreendida. Essa organização me ajuda a evitar acúmulos e alivia bastante o impacto no orçamento” disse a contadora.
O especialista ressaltou a importância da educação financeira para evitar que as pessoas terminem esse ano e iniciem o próximo endividadas. Segundo ele, a chave para isso está no planejamento antecipado, que permite um controle eficaz dos gastos ao longo do ano.