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Saneamento é o setor de infraestrutura que mais deve atrair investimentos neste ano. Veja por quê

Pesquisa da consultoria EY e da Abdib aponta o setor como o de maior interesse, segundo empresários e especialistas

SaneamentoSaneamento - Foto: Agência Brasil/Arquivo

O setor de saneamento segue como o mais atrativo para receber investimentos nos próximos três anos, segundo um estudo da consultoria EY e da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), com 61,5% das respostas dos entrevistados citando esse segmento. O levantamento mostrou que em seguida aparecem o setor de energia elétrica (46,9%) e rodovias (32,4%). A 10ª edição do Barômetro da Infraestrutura no Brasil tem como objetivo identificar o ânimo de empresários e especialistas dos setores para o desenvolvimento de projetos e investimentos em infraestrutura.

"No ano passado, o setor recebeu investimentos de R$ 213,4 bilhões, crescimento de 19,6% em termos reais em relação a 2022, e maior volume desde 2014. A expetativa é que este ano os recursos para infraestrutura continuem crescendo" diz Gustavo Gusmão, sócio da EY para o setor de Governo e Infraestrutura, lembrando que o Marco Legal do saneamento e a boa experiência dos projetos estruturados pelo BNDES animam as empresas.

Além disso, o setor é um dos mais carentes de recursos necessitando R$ 700 bilhões até 2033 para que sejam atingidas as metas de universalização dos serviços. Desde 2019, a pesquisa detectou que o setor de saneamento vem sendo apontado como o mais atrativo para investimento.

Já o setor de energia é atrativo porque tem boa regulação que, se não é perfeita é bastante amadurecida, e conta com a Aneel, uma agência bem consolidada. E as rodovias aparecem como ativos interessantes diante de uma agenda robusta de concessões para este ano do Ministério dos Transportes.

Ainda assim, apesar o crescimento do volume, o país investiu 1,99% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor, quando o ideal para avançar e modernizar a infraestrutura existente seria aplicar 4,31% do PIB ao ano.

Pela primeira vez na história do levantamento, os quase 400 executivos e representantes de empresas que atuam com infraestrutura, apontaram o protagonismo dos governos estaduais com agendas mais positivas para concessões de ativos de infraestrutura. Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, por exemplo, vêm realizando diversas concessões de rodovias.

Chama a atenção para esse bom desempenho dos investimentos no setor em 2023 a participação do setor público na aplicação dos recursos em infraestrutura. Além do crescimento de 14% dos investimentos privados, houve incremento de 44% nos investimentos públicos, que atingiram R$ 47,7 bilhões, o melhor resultado desde 2017, início da vigência da Lei do Teto dos Gastos.

Este ano, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 3, também é esperado aumento do investimento público em infraestrutura, embora o novo desenho do projeto preveja maior participação dos recursos privados, diferentemente dos PACs anteriores.

A melhora das condições da economia, com queda de juros, queda do desemprego e crescimento da economia, trazem perspectivas boas de investimento no setor. Mas Gusmão alerta que os juros ainda estão em patamar elevado ea inflação ainda não é uma questão resolvida. Portanto, se os juros ainda continuarem altos, isso pode atrapalhar o ritmo de projetos, que ficam mais caros.

Embora a pesquisa tenha sido feita no fim do ano passado, os executivos e gestores de empresas já mostravam preocupação com o que poderia acontecer com o setor de saneamento na Reforma Tributária. E, pelo projeto aprovado, haverá aumento de impostos para saneamento — subindo dos atuais 9,25% para algo como 27%, que é a alíquota estimada para o novo imposto federal e estadual unificado.

A Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) observa que esse aumento de tributação coloca em risco projetos de R$ 62 bilhões com a iniciativa privada, muitos deles estruturados pelo BNDES. A Abcon calcula um impacto de 18% de aumento nas contas de água para o consumidor. Segundo a Abcon, quem menos tem acesso ao serviço no país será o mais prejudicado neste cenário.

"E se há preocupação com os projetos futuros, também há expectativa em relação aos projetos que já estão em andamento, que terão que passar por um reequilíbrio financeiro com as regras mudando no meio do jogo" lembra Gusmão.

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