Seca afeta agropecuária e derruba PIB do setor
O resultado é uma queda na produção total de grãos no país
A agropecuária voltou a afetar negativamente o PIB (Produto Interno Bruto) do país. No segundo trimestre, o setor teve uma retração de 2,8%, em relação ao primeiro, fazendo com que o PIB total do país caísse 0,1% no período.
A agropecuária acabou sendo atropelada por uma série de fatores adversos neste ano, principalmente no segundo trimestre. Além de uma retração na pecuária, várias culturas importantes como as da cana-de-açúcar, do milho e do café sofreram forte interferência da crise hídrica. Além disso, foram afetadas por temperaturas extremamente baixas.
O resultado é uma queda na produção total de grãos no país. Prevista inicialmente em até 274 milhões de toneladas, a safra deste ano ficará em 254 milhões, com possibilidade de um número ainda menor, uma vez que os estragos da geada ainda não foram totalmente avaliados.
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Essa retração ocorre devido ao milho, que teve o plantio fora da época ideal e foi afetado por intensa seca, o que provocou uma quebra de 20 milhões de toneladas neste ano.
A cana-de-açúcar, também influenciada pela seca, está com recuo de 13% na produtividade, em relação à anterior. De abril a agosto, o volume de cana produzido no estado de São Paulo, principal produtor do país, teve retração de 10,5%.
Milho e cana-de-açúcar, além das perdas provocadas pela seca no segundo trimestre, serão afetados também pelas geadas de junho e de julho, efeito que deverá aparecer na avaliação do PIB agropecuário do terceiro trimestre.
Outro grande fator de retração neste ano é o café. Uma lavoura de intensa atividade no segundo trimestre, que já vinha sofrendo a chamada bienalidade negativa, acabou sendo afetada também pela seca e por geadas.
A produtividade do café tem uma alternância de ano para ano. Na safra anterior, a produção nacional atingiu 72 milhões de sacas. Nesta, devido ao estresse das plantas, houve um recuo para um volume inferior a 50 milhões.
Quanto à geada, a interferência deve ser pequena na produção de 2021, mas afetará a de 2022, quando será o período de bienalidade positiva. Boa parte dos cafezais foi afetada pelo frio de junho e de julho, o que deverá reduzir a produtividade na próxima safra.
Os dados desta quarta-feira (1º) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que o PIB agropecuário acumulado nos últimos quatro trimestres superou em 2% o de igual período anterior.
Na avaliação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o PIB do setor deverá terminar o ano com taxa de 1,7%, após ter sido projetada evolução de até 2,6%, antes da quebra de safra.
O café poderá ter uma influência abaixo do esperado no PIB do próximo ano, mas soja e milho vão sustentar a taxa, desde que o clima ajude.
Com isso, o Ipea prevê uma evolução de 3,3% na taxa de 2022. O instituto atribui essa evolução à previsão de uma boa safra de grãos em 2022.
Nos cálculos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção será de 290 milhões de toneladas, com potencial para até 300 milhões. A safra de soja superará 140 milhões de toneladas, e a de milho, 120 milhões.