Amazônia

Seca na Amazônia leva a desligamento do "linhão" do Madeira, de transmissão de energia

Falta de chuvas na região Norte do país já forçou a parada da usina hidrelétrica de Santo Antônio

Usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho Usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho  - Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

A falta de chuvas na região Norte, que já forçou a parada da usina de Santo Antônio desde o início desta semana, afetou também a sua linha de transmissão, conhecida como linhão do Madeira, responsável por fazer a ligação para a Região Sudeste.

A seca afeta as usinas hidrelétricas localizadas na bacia do Rio Madeira, como Jirau e Santo Antônio, que são a fio d’água e não contam com reservatórios. Sem água, as usinas não geram energia e, com isso, as linhas de transmissão são afetadas.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou o desligamento da linha de transmissão. O ONS explicou que a bacia do rio Madeira encontra-se em uma condição “bastante desfavorável”. A retomada da operação dos sistemas no Madeira é avaliada constantemente e está atrelada a uma reversão do severo quadro hidrológico que tem afetado a região, explicou o ONS.

A linha de transmissão do Madeira, que é controlada por Chesf, Isa Cteep e Furnas, é a maior do país com uma extensão de cerca de 2.375 quilômetros.

Diferentemente de Santo Antônio, a usina de Jirau ainda segue operando. As turbinas da unidade foram projetadas para operar com uma queda líquida de água entre 10 m e 20 m. Atualmente, a queda é 12,20 m. Jirau é a quarta maior geradora de energia elétrica do Brasil em capacidade instalada, depois de Itaipu, Belo Monte e Tucuruí.

Com isso, explicou o ONS, a energia gerada pela usina de Jirau foi direcionada para o atendimento aos estados do Acre e Rondônia.

Segundo a Santo Antônio Energia, os níveis de vazão registrados atualmente no rio Madeira estão em cerca de 50% da média histórica. Por isso, a empresa na segunda-feira interrompeu a operação da usina hidrelétrica.

“Atualmente, como o rio Madeira apresenta recorde de baixa vazão, o desligamento visa preservar a integridade das unidades geradoras da hidrelétrica, por isso a operação foi temporariamente interrompida”, disse a empresa em nota.

A empresa informou ainda que, mesmo nesta condição, o rio Madeira permanecerá seguindo seu curso natural, com passagem da vazão concentrada no vertedouro principal da usina, sem qualquer impacto em seu fluxo natural.

Boletim do ONS prevê que até o fim de outubro a perspectiva de chuvas (a chamada Energia Natural Afluente, a ENA) para a região Norte será de 59% acima da média dos últimos anos. É menor que a previsão anterior, de 69%.

Por outro lado, os reservatórios da região Sul estão com uma previsão de 188% acima da média das chuvas para o mês de outubro, na melhor estimativa desde 2015. Na pesquisa anterior feita pelo ONS, a previsão era de 145%.

Mesma perspectiva tem o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, cuja perspectiva passou de 68% pata 76% no volume de chuvas esperado em relação à média histórica.

Em nota recente, Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, disse que há um “cenário geral favorável, com os reservatórios em bons níveis”. Para ele, a perspectiva é que, quando entrar na estação chuvosa (a partir de novembro), o país estará em uma situação “bem mais confortável que a de anos anteriores”.

Veja também

Selic: aumento da taxa de juros afeta diretamente consumidor
Taxa de juros

Selic: aumento da taxa de juros afeta diretamente consumidor

Wall Street fecha em baixa após corte nos juros pelo Fed
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em baixa após corte nos juros pelo Fed

Newsletter