Secretário da Receita nega saída de investidores com IR mínimo: "Vai fugir para onde?"
Governo propôs imposto de 10% para rendas acima de R$ 1,2 milhão mensais
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, afirmou nesta quarta-feira que a criação de uma alíquota mínima de Imposto de Renda (IR) para investidores estrangeiros não deve provocar fuga de capital do país. Segundo ele, o Brasil ainda cobra menos do que outros países e a proposta está sendo feita com responsabilidade e planejamento.
— Vai fugir? Mas vai fugir para onde? O Brasil é um paraíso fiscal em relação ao fundo fechado em termos de tributação. Qualquer lugar do mundo a tributação é muito mais alta.
O imposto mínimo de 10% para rendas acima de R$ 1,3 milhão por ano foi proposto pelo governo para compensar a isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil mensais.
— Quando se muda a tributação, é normal que haja algum ajuste no comportamento do mercado. Isso já foi previsto nos nossos cálculos e não é algo negativo — explicou Barreirinhas, durante uma reunião organizada pela Frente Parlamentar do Comércio e Serviços, que discutiu os principais pontos da reforma do Imposto de Renda.
Leia também
• Haddad pede pressão popular para Congresso aprovar isenção de IR a salários de até R$ 5 mil
• Motta: isenção de IR pode ser oportunidade para reforma da renda e redução para pessoa jurídica
• Isenção do IR para até R$ 5 mil: Lira diz que tem compromisso de não aumentar a carga tributária
O secretário afirmou que a remessa de lucros ao exterior pode diminuir com a nova regra, mas que essa mudança será positiva para o mercado brasileiro.
Imposto menor que em outros países
O secretário reforçou que a nova proposta segue a tendência internacional e que o Brasil ainda está abaixo da média mundial em termos de carga tributária para investidores.
— Nós não estamos divergindo do resto do mundo a não ser pela alíquota mais baixa — disse.
Barreirinhas também destacou que a proposta busca corrigir distorções, mas de forma equilibrada.
— Não corrigimos tudo porque, além do desafio político, fizemos uma conta de equilíbrio. Nós calibramos a tributação na alta renda para cobrir o suficiente — explicou.
Segundo o secretário, os pequenos empresários e contribuintes do Simples Nacional praticamente não serão afetados pela mudança. De acordo com ele, é um universo muito pequeno de investidores que serão afetados. No caso dos pequenos empresários, que recebem pró-labore, o impacto é quase nulo, afirma.
— Estamos falando de apenas 0,09%
Ele também garantiu que o novo modelo será simples para os contribuintes, já que a maior parte das informações já está com a Receita. O cálculo será automático, assegurou Barreirinhas.
Outro ponto levantado durante a reunião foi a necessidade de reduzir os benefícios fiscais, incluindo os concedidos nas regiões da Sudam e Sudene. Segundo Barreirinhas, essas mudanças não afetarão o cálculo da alíquota efetiva, mas fazem parte de um esforço para tornar o sistema tributário mais justo.
Para ele, uma tributação mais justa da alta renda só será possível com uma ação coordenada entre os países.