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Repercussão

Selic: entidades do setor produtivo se manifestam contrárias à decisão de aumento

Após a elevação de um ponto percentual da taxa Selic, diversas entidades se manifestaram em desacordo com a decisão do Banco Central (BC)

Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe)Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) - Foto: Divulgação

Diversas entidades do setor produtivo se manifestaram contrárias à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 12,25% para 13,25%. Segundo os setores econômicos, a medida do Banco Central (BC) desestimula investimentos e impede que as empresas se desenvolvam

De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Bruno Veloso, o aumento é visto com preocupação pelo setor, visto que, o crescimento da taxa de juros significa que a economia pode perder o impulso de investimento e de compras.

“Isso afeta os preços dos produtos e pode ocasionar uma redução da atividade econômica”, destacou. 

Ele ressaltou que o setor industrial precisa estar sempre fazendo investimentos para se modernizar e se tornar competitiva. 

“Na hora que nós temos uma taxa de juros mais alta, o que ocorre é que o preço do equipamento comprado a prazo começa a ficar cada vez mais caro, porque um equipamento só vai gerar produto depois de uma aquisição, depois de uma implantação, depois de algum tempo. Então muitas vezes quando você tem uma taxa elevada, onde os juros são muito significativos, o adiamento da compra e do investimento se torna real”, disse. 

Segundo Veloso, o aumento da taxa Selic “vem com o objetivo de controlar uma inflação que está perdendo o controle do Governo Federal por conta de um desequilíbrio das contas públicas”. 

Em nota, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) também se posicionou em desacordo com a medida.

Para a Abrainc, a decisão agrava os desafios econômicos, encarece o crédito, desestimula investimentos e pressiona o orçamento de empresas e famílias. 

“Além de restringir o crescimento do país, os juros elevados tornam a dívida pública ainda mais onerosa – cada ponto percentual de alta na Selic adiciona cerca de R$ 48 bilhões ao seu custo anual. O impacto sobre as empresas também é enorme, o que pode resultar em demissões e aumento do desemprego”, afirmou. 

De acordo com o presidente da Abrainc, Luiz França, medidas para controlar a trajetória crescente da dívida pública são essenciais para uma taxa de juros em padrão saudável a médio e longo prazo. 
 
“Isso vai destravar investimentos e incentivar o crescimento do país de forma sustentada. Conviver com juros elevados trava o desenvolvimento, reduz a geração de empregos e penaliza empresas e famílias”, ressaltou. 

Decisão injustificada 
Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou “injustificado” o aumento. Em nota, a CNI destacou que a decisão “é mais um movimento da política monetária que ocorre em consequência da longa cultura de juros reais elevados que persiste no Brasil”. 

Ainda de acordo com o texto, com a medida, o Banco Central mostra que persiste em uma única ferramenta de política monetária no enfrentamento de expectativas de inflação: a elevação dos juros. 

“Com a decisão, o Banco Central mostra que continua ponderando equivocadamente os fatos econômicos mais relevantes do cenário atual, principalmente no que diz respeito ao quadro fiscal e à desaceleração da atividade do País”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban. 

Segundo a CNI, os setores econômicos defendem um pacto nacional que envolva todos os Poderes, empresários e trabalhadores pela criação de um consenso em torno de metas fiscais e de políticas econômicas estruturantes.

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