Selic muda rumos dos investimentos
Especialistas recomendam aplicar recursos em opções de curto e médio prazo para aproveitar a elevação dos juros
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) pela segunda vez consecutiva. A alta de 0,75 ponto percentual, para 3,50% ao ano, já era aguardada pelo mercado, mas com a decisão, o cenário para o investidor apresenta algumas mudanças. Segundo especialistas, as decisões de investimentos a partir de agora devem ser tomadas com base no que deve acontecer com a Selic no futuro.
A importância de ter uma percepção sobre o que pode acontecer com as próximas taxas de juros se dá porque a Selic é uma referência para muitas aplicações de renda fixa, ou seja, quanto mais alto ela está, maior o retorno dos investimentos mais conservadores.
Segundo o planejador financeira da Múltiplos Investimentos, Hélio Mota, o mercado agora deve apresentar um cenário sem muitos retornos para os investimentos de renda variável, já que a expectativa é que a Selic chegue aos 4,25% ao ano na próxima reunião do Copom, com nova alta de 0,75 ponto.
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“É natural que com o aumento dos juros os investimentos de renda fixa deem uma aquecida e com isso os títulos públicos se valorizem mais por causa da demanda. Em contrapartida, a renda variável tende a esfriar à medida que a taxa suba. A melhor estratégia é focar em construção de patrimônio. A renda fixa não ressuscitou porque ela sempre esteve presente, precisamos da liquidez e da rentabilidade previsível que ela tem como característica”, disse Mota.
O planejador aconselha que o momento requer investimentos de curto e médio prazo. “No curto e médio prazo os títulos de renda fixa pós fixados continuam sendo uma boa opção, já que mesmo com o aumento da Selic ainda estão abaixo do IPCA, então a tendência é subir. A longo prazo, ativos de renda variável podem ser uma boa opção. Esses passarão por uma breve desvalorização devido à migração para a renda fixa, dessa forma ações e FIIs poderão ser negociados a um preço mais justo”, declara Hélio.
Na avaliação do planejador de investimentos da Múltiplos João Victor Scognamiglio, este momento é de manutenção dos investimentos, mantendo a carteira com mais opções. “O ponto principal é que devemos considerar que o mais importante é que o investidor tenha carteira diversificada e não queira mudar do dia para a noite, mas o ideal é ter ativos de renda fixa e variável para longo prazo”, diz.
João Victor recomenda que investimentos desaquecidos sejam aproveitados para ganhos futuros. “O investidor pode aproveitar a oportunidade. A renda fixa é a curto prazo. Você sabe quanto vai ganhar, mas não deixa rico, não vai entregar mais que a inflação, mas ele é seguro e se sabe quanto é. Na renda variável, se o preço cai é oportunidade de conseguir um ganho de longo prazo”, avalia.