Sem citar Ibama e Petrobras, Marina diz considerar "ingratidão" destruir obra do "Criador"
A ministra enfrenta queda de braço com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que defende o projeto da estatal de exploração de petróleo na Foz do Amazonas
Um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sinalizado que não descarta o plano da Petrobras de exploração de petróleo na Foz do Amazonas, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou considerar "ingratidão" destruir o meio ambiente, que comparou a um "presente" do "Criador". A ministra enfrenta uma queda de braço com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que defende a licença de perfuração pedida pela estatal e negada pelo Ibama.
"Se a gente pega o presente e destrói, nossa, que ingratidão! Então, (é) muita contradição dizer que ama o Criador e desrespeita a criação, dizer que ama o Criador e destrói a criação, dizer que ama o Criador e está mais preocupado em ganhar dinheiro com a criação do que cuidar desse jardim, que Deus nos colocou para cultivar e guardar. Pode cultivar, usar, mas guarda", disse Marina ao participar de evento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Ela evitou se referir abertamente ao impasse criado no governo, envolvendo o Ibama, subordinado ao Meio Ambiente, Petrobras e Ministério de Minas e Energia.
Leia também
• Após veto do Ibama na Foz do Amazonas, Petrobras pode explorar petróleo na Guiana, diz Prates
• Minas e Energia e Petrobras pressionam governo contra veto do Ibama
• Petrobras vai recorrer da decisão do Ibama para explorar petróleo na Margem Equatorial
Na semana passada, o Ibama negou licença para a Petrobras realizar perfuração de teste em alto mar na região chamada de Margem Equatorial Brasileira, que abrange o litoral norte até Rio Grande do Norte. Como justificativa, o Ibama alegou que a bacia da foz do Amazonas abriga unidades de conservação, terras indígenas e grande biodiversidade marinha, com espécies ameaçadas de extinção.