Logo Folha de Pernambuco

Economia

Sem votar repatriação, Maia estima perdas do governo em até R$ 70 bi

O plenário da Câmara tentou na tarde desta terça-feira (11) votar o projeto que altera a Lei de Repatriação

Escoceses na FoliaEscoceses na Folia - Foto: Reprodução/Divulgação

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estimou em até R$ 70 bilhões o valor que o governo deixará de arrecadar com a manutenção das regras atuais da Lei de Repatriação de recursos no exterior. "Não dá mais tempo. Infelizmente, não é mais viável. Infelizmente, o Brasil vai perder de arrecadação na ordem de R$ 60 bilhões a R$ 70 bilhões e os governadores e prefeitos vão deixar de receber de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões com as mudanças. É da vida, acontece", afirmou Rodrigo Maia.

O plenário da Câmara tentou na tarde desta terça-feira (11) votar o projeto que altera a Lei de Repatriação, mas não houve acordo com o PT e outros partidos menores. Com isso, Maia afirmou que a proposta está definitivamente engavetada. "A mudança no texto ia gerar, entre multa e imposto, mais de R$ 100 bilhões em arrecadação. Acho que, agora, essa arrecadação não vai passar de R$ 35 bilhões", disse o presidente da Câmara.

A Lei da Repatriação está em vigor e projeta uma arrecadação de pelo menos R$ 25 bilhões aos cofres públicos com o pagamento de Imposto de Renda e multa por parte de contribuintes que queiram legalizar recursos e bens mantidos no exterior.
Os governadores queriam ampliar a parte da arrecadação a que teriam direito. Eles já recebem parte do Imposto de Renda. Com o projeto que estava sendo negociado, iriam ficar também com parte do que excedesse R$ 25 bilhões com multas.

Os governadores do PT queriam reduzir de R$ 25 bilhões para R$ 15 bilhões o valor arrecadado com multas a partir do qual passariam a ser contemplados. Sem sucesso na negociação, o PT obstruiu a votação. O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), disse, no final desta tarde, que pode recuar se, entre outros pontos, o governo aceitar a proposta dos R$ 15 bilhões.

"Se eles fizerem uma proposta de acordo e o conteúdo convenha ao país, nós podemos ceder. Se não, vamos continuar obstruindo como fizemos hoje [terça]", disse Florence. "[Disse que] os R$ 15 bilhões, se eles oferecessem, eu me disporia a submeter à nossa bancada a discussão", afirmou o líder do PT. Rodrigo Maia esteve na tarde desta terça (11) com o presidente da República, Michel Temer, e ouviu dele que gostaria de ter visto o texto que altera a Lei da Repatriação votado.

Ao deixar o Planalto, Maia afirmou de maneira mais amena que, por não haver acordo, não é possível votar a proposta na semana que vem. O prazo vigente para repatriação se esgota no final deste mês e o presidente da Câmara calcula que não há tempo hábil para aprovar o texto nas duas Casas Legislativas.

GOVERNO
No governo, a avaliação é de que houve falha de comunicação entre Rodrigo Maia e governo e do Planalto com sua base. Para um interlocutor de Temer, Maia deveria ter analisado melhor o cenário e conversado com o governo. Apenas dois líderes da base governista estavam em plenário no momento da votação.

O líder de um partido aliado do governo disse que estava na Câmara, mas que "faltou comunicação". "Tem que juntar os líderes e fazer acordo de votação. Faltou acordo de procedimentos na votação. Eu estava na Câmara", afirmou sob anonimato o líder que não foi ao plenário.

Veja também

Benefícios sociais foram os que mais sofreram alterações no pacote fiscal
BPC

Benefícios sociais foram os que mais sofreram alterações no pacote fiscal

EUA: juros dos Treasuries voltam a subir com receio de inflação e debate sobre teto da dívida
JUROS

EUA: juros dos Treasuries voltam a subir com receio de inflação e debate sobre teto da dívida

Newsletter