"Serei um X-Men": 1º paciente detalha experiência com implante cerebral da Neuralink, de Musk
Em uma transmissão ao vivo no X, homem de 29 anos com paralisia jogou xadrez em um computador com a mente
Em sua primeira manifestação após receber o implante cerebral da Neuralink, Noland Arbaugh, de 29 anos, detalhou a experiência de jogar xadrez e game eletrônico "Civilization" e ter aulas de japonês e francês controlando o cursor na tela do computador apenas com o cérebro.
A Neuralink, startup de neurotecnologia que pertence ao empresário Elon Musk, divulgou na quarta-feira (20) um vídeo que mostra o desenvolvimento de primeiro paciente humano — Arbaugh, que ficou paralisado dos ombros para baixo devido a um acidente de mergulho há oito anos.
"É uma loucura, realmente é. É tão legal" disse Arbaugh, que brincou sobre sua telepatia graças à Neuralink.
— Neuralink (@neuralink) March 20, 2024
A empresa de neurotecnologia de Musk instalou um implante cerebral em um humano pela primeira vez em janeiro, uma ação que o bilionário dono da Tesla e da X considerou um sucesso.
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Arbaugh disse que recebeu alta do hospital um dia após o dispositivo ter sido implantado em seu cérebro e que não teve nenhum comprometimento cognitivo.
"Há muito trabalho a fazer, mas já mudou minha vida" disse. "Não quero que as pessoas pensem que este é o fim da viagem."
"Serei um X-Men"
Ele contou que começou pensando em mover o cursor e, eventualmente, o sistema de implante refletiu sua intenção.
"A razão pela qual entrei nisso foi porque eu queria fazer parte de algo que, sinto, vai mudar o mundo" destacou.
Arbaugh disse que no próximo Halloween planeja usar a fantasia de Charles Xavier, personagem dos X-Men da Marvel Comics, que se desloca em uma cadeira de rodas, mas possui superpoderes mentais.
"Eu serei o Professor X" disse. "Acho que isso é bastante apropriado... Sou basicamente telecinético."
Um engenheiro da Neuralink prometeu no vídeo, que foi postado na rede social X e no Reddit, mais atualizações sobre o progresso do paciente.
A tecnologia da Neuralink funciona com um dispositivo do tamanho de cinco moedas empilhadas que é colocado dentro do cérebro humano com uma cirurgia invasiva.
A startup, cofundada por Musk em 2016, pretende construir canais de comunicação direta entre o cérebro e os computadores.
A ambição é turbinar as capacidades humanas, tratar doenças neurológicas como ELA (esclerose lateral amiotrófica) ou Parkinson, e talvez um dia alcançar uma relação simbiótica entre humanos e inteligência artificial.
O que é Neuralink?
Neuralink é uma startup fundada por Elon Musk em 2017. Ela está tentando construir uma interface cérebro-computador que ajudaria pessoas com lesões traumáticas a operar celulares e computadores usando apenas seus pensamentos. Para fazer isso, a empresa trabalha na implantação de eletrodos no cérebro das pessoas.
O implante cerebral já foi feito antes?
Sim. A Neuralink se baseia em décadas de tecnologia destinada a implantação de eletrodos em cérebros humanos para interpretar sinais e ajudar no tratamento dos sintomas de doenças como paralisia, epilepsia e mal de Parkinson.
Um dos primeiros dispositivos é conhecido como Utah array, que foi testado pela primeira vez em um ser humano em 2004. Muitos concorrentes entraram no campo, incluindo Synchron e Precision Neuroscience.
Fazer um implante cerebral é legal?
A Food and Drug Administration dos EUA deu aprovação à Neuralink para ensaios clínicos em humanos em maio do ano passado, após uma série de testes de implantes em vários animais.
A empresa foi fortemente criticada por seu trabalho cirúrgico em animais, especialmente primatas, por grupos como o Comitê de Médicos pela Medicina Responsável, que chegou a afirmar que a empresa estragou muitas dessas cirurgias.
O que há de diferente no dispositivo Neuralink?
O dispositivo da Neuralink contém mais de mil eletrodos, muito mais do que outros implantes. Ele tem como alvo neurônios individuais, enquanto a maioria dos dispositivos em desenvolvimento têm como foco sinais emitidos por grupos de neurônios. Se funcionar, deverá permitir um maior grau de precisão.
Como isso funciona?
O implante coloca o chip e outros componentes eletrônicos dentro do crânio do usuário, com comunicações sem fio, enviando dados de sinais cerebrais para um aplicativo da Neuralink, que os decodifica em ações e intenções.