BRASIL

Setor de serviços avança pelo segundo mês seguido, com 0,9% de crescimento em março

Segmento que engloba transportes, com destaque para armazenagem, serviços auxiliares e correio, puxou aumento no mês

Setor de serviçosSetor de serviços - Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

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O setor de serviços avançou 0,9% em março de 2023, resultado que superou o esperado pelo mercado, que projetava aumento de 0,6% segundo mediana das estimativas coletadas pela Reuters. Analistas ouvidos pelo Globo discordam sobre qual deve ser o impacto da alavancagem no volume de serviços na inflação.

Entre aqueles que acreditam que não deve haver aumento de preços, o argumento é que o crescimento no setor se deu de forma setorializada, muito influenciado pelo transporte de cargas agrícolas. Sendo assim, ficam mantidas as expectativas quanto à diminuição da taxa de juros pelo Banco Central em agosto. Entre os que apostam na alta inflacionária, pesa o fato de que o setor de serviços tem se mostrado resiliente aos efeitos da política monetária contracionista.

Os dados constam na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta terça pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Comparando o trimestre encerrado em março com o trimestre encerrado em dezembro, houve uma diminuição de 0,3% no volume de serviços, a primeira taxa negativa desde o segundo trimestre de 2020.

O avanço no setor representa o segundo resultado mensal positivo depois de uma queda muito acentuada em janeiro (3,1%), quando o ganho acumulado nos últimos meses do ano passado foi eliminado. Agora, em comparação ao mês de março de 2022, o crescimento no volume de serviços foi de 6,3%.

Segundo o IBGE, o acumulado nos últimos doze meses passou de 7,8% em fevereiro para 7,4% em março, o menor resultado desde setembro de 2021 (6,8%).

João Ricardo Costa Filho, pesquisador da Universidade Nova de Lisboa, diz que o setor de serviços deve desacelerar junto à economia, mas em uma velocidade mais lenta. Ele considera que as expectativas de uma antecipação no corte de juros por parte do Banco Central em agosto não devem se concretizar.

Descontados os choques sazonais nos preços de maior volatilidade, o chamado núcleo da inflação continua em alta. Segundo o Banco Central, o aumento chegou a 0,51% em abril e está concentrado no setor de serviços, onde a inflação em 12 meses foi de 7,49%.

— O setor de serviços tem mais capacidade de repassar aumentos e os juros ainda não bateram tanto no desemprego, o que indica que o BC pode não abaixar os juros em agosto — disse Filho.

Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), avalia que o setor de serviços deve continuar “andando para o lado” nos próximos meses, sem oscilações significativas para cima ou para baixo.

Por mais que o volume de serviços tenha ficado mais alto que o esperado, o analista diz que não houve uma quebra tão grande das expectativas. Mesmo assim, o resultado acima do esperado deve pressionar ainda mais a inflação.

— Pegando os últimos três meses, temos quase uma estabilidade, é uma oscilação dentro do patamar. Houve algum resultado positivo, mas puxado por um ou outro segmento de destaque. Até metade do ano, deve se manter assim. Mesmo assim, o resultado mais positivo que o estimado pode pressionar a inflação e se espera uma manutenção da postura que o Banco Central tem tido nos últimos meses.

Na avaliação de Ricardo Macedo, economista e professor da Facha, não deve haver mudança nas expectativas de queda de juros por parte do Banco Central.

— A economia está desacelerando, então não deve haver aumento inflacionário. Já existe um efeito, cada vez maior, da política restritiva dos juros. Não acredito que vá haver mudança até porque o movimento de agora está principalmente relacionado ao setor agrícola.

Transportes em alta

Entre os setores com resultado positivo no período, ganha destaque o de Transportes, grupo que teve aumento percentual de 3,6% em março e tem peso significativo na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). O crescimento foi puxado principalmente pela categoria de armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correios, que subiram 5,9%.

Segundo Luiz Carlos de Almeida, analista da pesquisa, os dados de transporte foram alavancados pelo aumento de vendas online e pelo agronegócio, com o transporte de produtos finais e insumos para a produção agrícola.

— O transporte terrestre atingiu o pico da série histórica em março e houve um aumento significativo no transporte de cargas, apesar da queda no setor de transporte de passageiros. É mais carga que passageiro — explicou, acrescentando que o indicador se relaciona ao bom desempenho da safra brasileira.

O volume de serviços de transporte aéreo também pontuou positivamente, em 1,7%. No entanto, o acumulado em comparação ao mês de março de 2022 segue negativo em 7,6%.

Já no subgrupo de transporte aquaviário, o resultado ficou no zero a zero, sem crescimento ou redução da taxa, mas o acumulado em relação a março do ano passado está em 14,7%.

Serviços profissionais e administrativos também puxaram o indicador do setor para cima, com 2,6% de aumento no mês de março, puxado sobretudo pelo subgrupo de serviços de apoio às atividades empresariais.

Outra contribuição positiva no mês foi a dos serviços de informação e comunicação (0,2%) que acumula alta de 2,5% nos primeiro trimestre do ano após uma queda acumulada de 2,3% nos dois últimos meses de 2022.

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