Economia

Setor de serviços desacelera e cresce 0,7% em agosto, aponta IBGE

Apesar da perda de ritmo, o setor chegou à quarta taxa positiva consecutiva, algo que não ocorria desde agosto de 2021

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O setor de serviços desacelerou na passagem de julho para agosto, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (14). Apesar da perda de ritmo, o setor chegou à quarta taxa positiva consecutiva, algo que não ocorria desde agosto do ano passado, quando registrou alta de abril a agosto. O desempenho no mês foi puxado, principalmente, pelos serviços financeiros e de informação e comunicação.

Com o resultado, o setor opera 10,1% acima do nível pré-pandemia e fica apenas 0,9% abaixo do maior patamar da série histórica, alcançado em novembro de 2014.

O analista da pesquisa, Luiz Almeida, afirma que parte da desaceleração em agosto frente à julho é explicada pelo efeito sazonal, já que o mês de julho é marcado pelas férias escolares. Naquele mês, o transporte de passageiros cresceu 4,1%. Este mês, recuou 0,5%. Houve ainda retração de 0,3% no transporte de cargas, que vinha sendo beneficiado pelo escoamento da produção agrícola e agora interrompe uma sequência de onze taxas positivas.

— O setor de serviços vem avançando há quatro meses seguidos, então é natural a gente esperar essa diminuição do ritmo. Parte dessa desaceleração veio do setor de transportes. Mas não dá para dizer que é uma inflexão ou reversão de tendência — conclui Almeida.

Serviços financeiros puxam alta

Três das cinco atividades pesquisadas registraram alta em agosto. Entre os destaques está o segmento de outros serviços, que avançou 6,7% e abarca desde serviços financeiros auxiliares como corretoras de títulos e consultoria de investimentos até atividades de administração de condomínios e reciclagem. No mês anterior, o setor recuou 5%.

Já o setor de informação e comunicação, que subiu 0,6% em agosto e exerceu a segunda maior contribuição para o avanço do setor no período, atingiu o ponto mais alto de sua série. Almeida, do IBGE, lembra que o desempenho positivo da atividade tem relação com o segmento de tecnologia da informação, que é dinâmico e também alcançou o pico da sua série nesse mês.

— É um dos setores que cresceram a despeito da pandemia, principalmente por conta do home office e da digitalização dos serviços.

Os serviços prestados às famílias, por sua vez, seguem gradualmente se recuperando dos impactos da pandemia. O volume de serviços do segmento cresceu 1% em agosto, a sexta alta consecutiva, período em que acumulou ganho de 10,7%.

Apesar disso, o setor ainda está 4,8% abaixo do patamar registrado em fevereiro de 2020. A atividade reúne serviços como hospedagem, cinema, salões de cabeleireiro, academias de ginástica e saúde e educação.

— Isso é explicado pelo fato de ter sido o setor mais afetado durante a pandemia. Com o retorno das atividades presenciais, a queda das restrições e a diminuição do desemprego, ele vem reduzindo as perdas, mas ainda não chegou ao nível de fevereiro de 2020. Durante a pandemia, o setor chegou a ficar cerca de 67% abaixo do seu patamar recorde, atingido em maio de 2014 — lembra Luiz, do IBGE.

Desempenho dos transportes recua em agosto

Já os transportes, que vinham crescendo nos três meses anteriores, recuaram 0,2% em agosto. Uma acomodação do setor, de acordo com o IBGE.

O transporte de passageiros, que havia avançado 4,1% em julho, teve queda de 0,5% em agosto. Segundo o instituto, o decréscimo devolve parte do aumento de julho, que era um mês de férias, com as pessoas mais dispostas a viajar. Já o transporte de cargas recuou 0,3% no mês. Entre setembro de 2021 e o último mês de julho, esse setor teve um ganho de 19,1%.

— O transporte de cargas teve um aumento considerável com as mudanças das cadeias logísticas, por conta das entregas online durante a pandemia, e também pela safra recorde, que gerou um aumento do transporte de insumos para a produção agrícola e o próprio escoamento da safra — pontua o pesquisador.

Já os serviços profissionais, administrativos e complementares registraram estabilidade após queda de 1,1% em julho.

Perspectivas

Economistas estimam que os serviços devem seguir trajetória de recuperação este ano, dado que foi o setor que mais sofreu impactos em função da pandemia. O setor, que representa 70% do Produto Interno Bruto (PIB) pela ótica da oferta, tem sido o grande motor da atividade econômica este ano, segundo analistas.

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) do FGV IBRE subiu 1,0 ponto em setembro, para 101,7 pontos, maior nível desde março de 2013 (102,0 pontos).

— O resultado mostra que o setor ainda mantém a trajetória positiva de recuperação após os efeitos mais negativos da pandemia. A continuidade desse ritmo de retomada depende da melhora no ambiente macroeconômico, que ainda se mostra desafiador — avaliou Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE, em nota.

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