Economia

Setor de serviços desacelera e cresce 0,7% em agosto, aponta IBGE

Desempenho foi puxado, principalmente, pelos serviços financeiros e de tecnologia da informação. Setor opera 10,1% acima do nível pré-pandemia

Sede do iFoodSede do iFood - Foto: divulgação/iFood

O setor de serviços desacelerou na passagem de julho para agosto, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. Apesar da perda de ritmo, o setor chegou à quarta taxa positiva consecutiva, algo que não ocorria desde agosto do ano passado, quando registrou alta de abril a agosto. O desempenho no mês foi puxado, principalmente, pelos serviços financeiros e de tecnologia da informação.

Com o resultado, o setor opera 10,1% acima do nível pré-pandemia e fica apenas 0,9% abaixo do maior patamar da série histórica, alcançado em novembro de 2014.

O analista da pesquisa, Luiz Almeida, afirma que parte da desaceleração em agosto frente à julho é explicada pelo efeito sazonal, já que o mês de julho é marcado pelas férias escolares. Naquele mês, o transporte de passageiros cresceu 4,1%. Este mês, recuou 0,5%. Houve ainda retração de 0,3% no transporte de cargas, que vinha sendo beneficiado pelo escoamento da produção agrícola e agora interrompe uma sequência de onze taxas positivas.

"O setor de serviços vem avançando há quatro meses seguidos, então é natural a gente esperar essa diminuição do ritmo. Parte dessa desaceleração veio do setor de transportes. Mas não dá para dizer que é uma inflexão ou reversão de tendência", conclui Almeida.

Na avaliação do economista Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), ainda é preciso aguardar os resultados dos próximos meses para falar em uma desaceleração do setor de serviços. Ele lembra que o Auxílio Brasil com valor maior passou a ser pago em agosto, o que pode ter impulsionado o consumo das famílias por alguns serviços. Além disso, outros estímulos fiscais como vale gás, auxílio para caminhoneiros e taxistas também podem ajudar no desempenho da atividade no curto prazo.

"O grande ponto é daqui para a frente. Será que a partir de setembro a gente vai ter um cenário mais claro de desaceleração ou ainda pode segurar por um tempo com as medidas do governo? Acho que a gente deve conseguir observar isso de uma maneira mais clara especialmente no final do ano", avalia Tobler.

Para o economista, o setor de serviços deve sentir os impactos dos juros altos de forma tardia em relação aos demais setores da economia por conta da sua elevada participação no PIB e por ter sido o setor que mais demorou a se recuperar da crise sanitária. A indústria, cuja produção caiu 0,6% em agosto, e o comércio, cujo volume de vendas retraiu 0,1%, já sentem o peso dos juros altos para conter a inflação, o que leva ao processo de desaceleração econômica.

"A indústria e o comércio já dão sinais mais claros de desaceleração, com uma dificuldade maior. Esse é um caminho que o serviço deve ter nos próximos meses e não vai ter como escapar por conta das variáveis macroeconômicas [de inflação e juros altos]".

Serviços financeiros puxam alta
Três das cinco atividades pesquisadas registraram alta em agosto. Entre os destaques está o segmento de outros serviços, que avançou 6,7% e abarca desde serviços financeiros auxiliares como corretoras de títulos e consultoria de investimentos até atividades de administração de condomínios e reciclagem. No mês anterior, o setor recuou 5%.

Já o setor de informação e comunicação, que subiu 0,6% em agosto e exerceu a segunda maior contribuição para o avanço do setor no período, atingiu o ponto mais alto de sua série. Almeida lembra que o desempenho positivo da atividade tem relação com o segmento de tecnologia da informação, que é dinâmico e também alcançou o pico da sua série nesse mês.

 "É um dos setores que cresceram a despeito da pandemia, principalmente por conta do home office e da digitalização dos serviços".

Os serviços prestados às famílias, por sua vez, seguem gradualmente se recuperando dos impactos da pandemia. O volume de serviços do segmento cresceu 1% em agosto, a sexta alta consecutiva, período em que acumulou ganho de 10,7%.

Apesar disso, o setor ainda está 4,8% abaixo do patamar registrado em fevereiro de 2020. A atividade reúne serviços como hospedagem, cinema, salões de cabeleireiro, academias de ginástica e saúde e educação.

"Isso é explicado pelo fato de ter sido o setor mais afetado durante a pandemia. Com o retorno das atividades presenciais, a queda das restrições e a diminuição do desemprego, ele vem reduzindo as perdas", lembra Luiz, do IBGE.

Desempenho dos transportes recua em agosto
Já os transportes, que vinham crescendo nos três meses anteriores, recuaram 0,2% em agosto. O transporte de passageiros, que havia avançado 4,1% em julho, teve queda de 0,5% em agosto. Segundo o instituto, o decréscimo devolve parte do aumento de julho, que era um mês de férias, com as pessoas mais dispostas a viajar.

Já o transporte de cargas recuou 0,3% no mês. Entre setembro de 2021 e o último mês de julho, esse setor teve um ganho de 19,1%.

"O transporte de cargas teve um aumento considerável com as mudanças das cadeias logísticas, por conta das entregas online durante a pandemia, e também pela safra recorde, que gerou um aumento do transporte de insumos para a produção agrícola e o próprio escoamento da safra", pontua o pesquisador.

Já os serviços profissionais, administrativos e complementares registraram estabilidade após queda de 1,1% em julho.

Veja também

Mega-sena não tem ganhadores e prêmio vai para R$ 6 milhões
Mega-Sena

Mega-sena não tem ganhadores e prêmio vai para R$ 6 milhões

Dólar cai para R$ 5,42 e fecha no menor valor em um mês
Dólar

Dólar cai para R$ 5,42 e fecha no menor valor em um mês

Newsletter