Shein é acusada de 'táticas de máfia' por rival nos EUA
Chinesa Temu vai à Justiça contra a concorrente por intimidação de fornecedores e falsas acusações de violação de direitos autorais
A Temu, plataforma de vendas on-line de roupas e acessórios para casa a preços muito baixos e que está em franca expansão nos EUA, apresentou uma ação na Justiça americana na qual acusa a Shein de “táticas de máfia” para sufocar a concorrência.
No processo, a WhaleCo, empresa chinesa que opera no mercado americano como Temu, afirma que a Shein orquestrou um “esquema multifacetado” para impedir sua expansão. E alega que a empresa intimida fornecedores e abriu processos infundados por violação de direitos autorais contra a Temu.
"A Shein asfixia os fornecedores de moda ultrarrápida com requisitos de exclusividade e métodos de intimidação com táticas de máfia contra fornecedores que se atrevam a vender à Temu”.
Fornecedores detidos e telefones apreendidos
Segundo a ação, a Shein detém representantes de fornecedores em seus escritórios durante horas, inclusive “apreendendo telefones durante reuniões que convoca sob falsos pretextos".
A Temu alega ainda que os fornecedores são coagidos a assinar acordos de exclusividade com a rival.
O processo também afirma que a Shein instigou processos infundados por violação de direitos autorais contra a Temu e descreve a empresa como tendo "poder de monopólio no mercado de moda ultrarrápida dos EUA".
Shein afirma que processo 'não tem fundamento'
"Acreditamos que este processo não tem fundamento e nos defenderemos vigorosamente", disse um porta-voz da Shein numa declaração por e-mail.
O processo é o mais recente desafio para a Shein, que em novembro deu início ao seu processo de abertura de capital com lançamento de ações em Bolsa nos Estados Unidos.
Nos últimos anos, a Shein ganhou seguidores entre adolescentes e jovens adultos atraídos pelas suas roupas baratas e com diversos estilos.
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A empresa usa tecnologia sofisticada e modelos de produção que lhe permitem colocar rapidamente novos itens à disposição dos compradores, mantendo-os engajados em compras frequentes.
Mas a Temu, uma subsidiária do conglomerado chinês PDD, chegou ao mercado americano no ano passado e, em 2023, rapidamente conquistou terreno, com seus apetrechos para casa e também blusinhas super baratas como as da rival.
Temu viralizou no TikTok e brilhou no Super Bowl
Este ano, a Temu chegou a anunciar no Super Bowl, a final do futebol americano que é o principal espaço do mercado publicitário nos EUA. E vídeos de seus clientes viralizaram no TikTok com a hashtag #temuhauls (hauls é uma expressão recorrente nas redes sociais para marcar avaliações de produtos).
No ano passado, ganhou um concorrente formidável com a Temu, uma subsidiária da PDD Holdings na China que vende espumadores de leite elétricos por $2.87 e tops de tanque para mulheres por $3.99. A Temu destacou-se entre os consumidores após exibir vários anúncios durante o Super Bowl deste ano, um dos espaços publicitários mais caros para os anunciantes. No TikTok, os compradores regularmente publicam vídeos das suas compras com a hashtag #temuhauls.
No processo, a Temu alega que o valor de mercado estimado para a Shein diminuiu às vésperas de seu lançamento de ações na Bolsa e que, por isso, a empresa estava sendo ainda mais agressiva em relação à concorrência.
Acusações de trabalho forçado
"O comportamento da Shein direcionado à Temu faz parte de um padrão mais amplo para subverter e abusar do sistema legal dos EUA", diz o processo.
A Shein tem enfrentado escrutínio intenso por parte dos legisladores em Washington em relação às suas práticas comerciais. Tem enfrentado perguntas de legisladores sobre a sua cadeia de abastecimento desde que relatórios ligaram o algodão da empresa a Xinjiang, uma província chinesa onde, segundo as autoridades dos EUA, o governo explorou o trabalho análogo à escravidão realizado por trabalhadores da minoria étnica uigur, que é alvo de perseguição na China.
A Shein também foi acusada de violar direitos autorais de designers independentes, e congressistas americanos alegam que empresa se beneficia de forma indevida de um benefício tributário que isenta produtos de baixo valor do pagamento de taxas alfandegárias.
Mas, à medida que a Temu ganha espaço no mercado americano, começa a enfrentar críticas similares. Em junho, congressistas acusaram a plataforma de permitir a entrada nos EUA de mercadorias produzidas com trabalho forçado. Os críticos também dizem que a empresa usa a mesma brecha tributária que a Shein para não pagar taxas alfandegárias.