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CPI das Pirâmides Financeiras

Sócio da 123Milhas comparece à CPI e pede desculpas a clientes por "modelo equivocado"

Colegiado precisou fazer três tentativa para conseguir ouvir os sócios das empresas

123 milhas123 milhas - Foto:

A CPI das Pirâmides Financeiras, da Câmara, ouve nesta quarta-feira os sócios da agência de viagens 123 Milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira. Também há previsão que integrantes da diretoria falem ao colegiado. A empresa decidiu suspender os pacotes e a emissão de passagens de sua linha promocional em agosto, o que também afetou consumidores que já haviam comprado o serviço.

Ramiro Júlio Soares Madureira é o primeiro a falar. O sócio pediu desculpas a quem foi prejudicado pela falta de oferta do serviço.

"Não há como deixar de nos desculparmos novamente com todos aqueles que foram prejudicados por um modelo de negócio que se mostrou equivocado. O que estamos a fazer agora, com toda a nossa dedicação e empenho ao nosso alcance, é buscar soluções" disse Ramiro.

Para compensar as perdas dos clientes, a 123 Milhas ofereceu vouchers para outras compras na empresa, o que gerou insatisfação nos afetados, que preferiam receber o reembolso do valor que foi gasto. Ramiro disse que o uso de voucher "foi a solução possível naquele momento".

O cancelamento atinge passagens vendidas nos pacotes Promo, com preços muito abaixo dos praticados no mercado e com datas flexíveis de embarque. O modelo é o mesmo que costumava ser oferecido pela Hurb, que deixou milhares de passageiros na mão e foi proibida pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) de vender pacotes flexíveis. O presidente da CPI, Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), e o relator Ricardo Silva (PSD-SP) avaliam que o modelo é semelhante a um esquema de pirâmide.

Ramiro disse ainda que a empresa errou ao adotar o modelo de negócio das passagens promocionais.

"Acreditávamos que o custo do promo diminuiria com o tempo na medida que ganhávamos eficiência na tecnologia de sua operação e que o mercado de aviação fosse se recuperando dos efeitos da pandemia. Uma tendência que projetamos na época e se revelou o oposto. Ao contrário do que prevíamos, o mercado tem se comportado permanentemente como se estivéssemos em alta temporada, o que abalou os fundamentos não só do promo, como de toda a 123 Milhas."

A Comissão tentou ouvir os sócios das empresas em outras duas ocasiões. Na primeira, os convocados disseram que não compareceram porque não foram intimados. Na segunda tentativa, na semana passada, os empresários estavam em Brasília, mas declararam que não puderam ir porque estavam em uma reunião com o ministro do Turismo, Celso Sabino. Diante das ausências, a CPI conseguiu aprovar condução coercitiva para obrigar os convocados a estarem na Câmara. Apesar disso, os depoentes decidiram aparecer na sessão de hoje sem necessidade de escolta policial.

Em nota enviada à CPI, Sabino disse que não tinha a intenção de atrapalhar o depoimento e que a conversa foi para tratar do modelo de negócios das empresa. O ministro já pôs dúvida sobre a viabilidade do modelo.

O sócio da empresa citou que a empresa iniciou um processo de recuperação judicial e que vai precisar do auxílio de órgãos públicos para reaver os valores a quem se prejudicou.

"O que somente será possível com o apoio institucional dos órgãos públicos e também deste Parlamento. Na última semana iniciamos um processo de recuperação judicial, no qual esperamos saldar integralmente da forma mais justa, isonômica e transparente possível nossos débitos com clientes, ex-colaboradores, parceiros e fornecedores."

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