Starbucks registra receita anual de US$ 36 bi, alta de 12%, mas evita comentar crise no Brasil
Resultado trimestral foi recorde, com crescimento de vendas nos EUA e na China
Em crise no Brasil, a rede americana de cafeterias Starbucks anunciou nesta quinta-feira (2) uma receita líquida global recorde de US$ 9,4 bilhões no quarto trimestre fiscal (terminado em 1º de outubro), alta de 11% em relação a igual período de 2022.
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No ano fiscal encerrado em setembro, a receita líquida global somou US$ 36 bilhões, alta de 12%. As vendas em mesmas lojas saltaram 8% na mesma base de comparação, acima da estimativa de 6,3%, na média dos analistas, segundo a agência Bloomberg.
As ações da companhia abriram o pregão com alta cima de 10% na Nasdaq, uma das bolsas de valores de Nova York.
Na noite da última terça-feira, a SouthRock Capital, dona da operação da Starbucks no Brasil, pediu recuperação judicial, no Tribunal de Justiça de São Paulo. No dia seguinte, o juiz do caso negou urgência para o processo e determinou a nomeação de um administrador para realizar uma perícia na documentação apresentada, antes de apreciar o pedido. A SouthRock pediu proteção contra credores de uma dívida total de R$ 1,8 bilhão.
Questionada sobre a crise no Brasil, a matriz da Starbucks nos EUA informou ao GloboL, por escrito, que está “ciente da decisão da SouthRock de reestruturar seus negócios”, mas evitou informar como lidará com os problemas ou responder se pretende manter a rede em funcionamento no país.
“Como uma marca com presença mundo afora, temos nas conversações ativas e contínuas com o operador licenciado uma atividade normal do negócio. Como prática padrão, não divulgamos o conteúdo de nossas discussões internas com nossos operadores licenciados”, diz a nota enviada pela companhia.
Vendas crescem nos EUA e na China
Ignorando a crise no Brasil, a Starbucks global informou que um número maior de vendas e um tíquete médio por venda mais elevado puxaram os resultados acima do esperado. Isso ocorreu tanto nos EUA quanto na China.
Os dois países detêm, somados, 61% do total de lojas da marca em todo o mundo. No quarto trimestre fiscal, o número global de lojas alcançou o recorde de 38 mil, com a abertura de 816 pontos de venda entre julho e setembro. Nos EUA são 16.352 lojas; na China, 6.806. No Brasil, a SouthRock opera uma rede com apenas 187 unidades.
As estratégias recentes da Starbucks para atrair consumidores globalmente incluíram a antecipação do lançamento de produtos, como fronzens. Além disso, os clientes passaram a pedir mais comida nas cafeterias, elevando o valor dos pedidos.
Na contramão dos resultados globais, a SouthRock alegou, no pedido de recuperação entregue ao Judiciário paulista, que a crise econômica causada pela pandemia, a inflação e as taxas de juros elevados abalaram o negócio.
Segundo especialistas, a crise da SouthRock evidencia a dificuldade de empresas do setor de alimentação em lidar com desequilíbrios causados pela pandemia. No caso da operação brasileira da Starbucks, juros altos e inflação persistente foram agravadas por particularidades, como um cardápio com preços elevados e uma concorrência cada vez maior.
A SouthRock alegou ainda que os problemas foram agravados após a matriz americana romper o contrato de licenciamento. Um dos pedidos liminares da empresa negados pelo juiz na quarta-feira foi justamente o de manutenção desse contrato de licenciamento, considerado essencial para a recuperação do negócio. Na própria quarta-feira, a empresa brasileira informou que irá recorrer da “decisão inicial e não definitiva”.
Segundo os resultados trimestrais divulgados nesta quinta-feira, 48% do total global de lojas da Starbucks são operados sob licenciamento.