Suape na mira de investimentos da Comissão Europeia
Porto deve ficar com parte considerável desses recursos por, entre outras razões, localização em relação à Europa
Os portos de Suape (PE) e Pecém (CE) podem entrar na rota de investimentos estrangeiros para a produção de hidrogênio verde (H2V). A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, que esteve no Brasil esta semana, anunciou um investimento de até R$ 10,5 bilhões em parcerias com hidrogênio verde no Brasil. Se os investimentos previstos vingarem, Suape deve ficar com parte considerável desses recursos por, entre outras razões, a localização em relação à Europa e os investimentos que já vem fazendo no H2V.
Para incluir os dois portos na cooperação internacional sobre o tema, o senador Fernando Dueire (MDB-PE), membro da Comissão Especial do Hidrogênio Verde do Senado, definiu uma agenda de trabalho conjunta com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, com quem se reuniu nesta semana.
“Unir os investimentos da Comunidade Europeia com o trabalho que fazemos na comissão para regulamentar e incentivar a produção dessa energia no País vai ser determinante para o setor”, explicou Dueire. O senador já tem audiência com o secretário de Energia, Clima e Meio Ambiente do Ministério, André Corrêa do Lago, quando pretende trabalhar as potencialidades dos portos do Nordeste na área de produção de energia limpa.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, pasta a qual o Porto de Suape é vinculado, não sabe ainda como será a aplicação dos recursos da CE. Adianta, no entanto, que Pernambuco foi pioneiro no que diz respeito ao foco na pesquisa e desenvolvimento do H2V. “As escolhas que estamos fazendo vão incluir, também, o compromisso e a atração de empregos mais adiante. O que a gente está fazendo hoje é focado na P&D e na formação de capital humano”, acrescentou.
Para o secretário, em função disso, é natural que, pela capacidade que se está montando no Porto e pela tradição da academia, Pernambuco receba boa parte dos recursos. “Os estados do Sul e Sudeste, diz ele, devem focar na produção de hidrogênio verde para atender a demanda interna. “O Nordeste, muito antes de outras regiões, faz uma universalização de tornar nosso verde um verde limpo. Naturalmente, Suape e Pecém seriam os portos de exportação à Europa”, pontuou.
O Brasil é o terceiro país que mais produz energia renovável no mundo, perdendo apenas para os EUA e a China. Isso explica o interesse do bloco, tem como meta importar anualmente 10 milhões de toneladas de hidrogênio renovável até 2030 e, para isso, busca um parceiro confiável para um compromisso de longo prazo. O Nordeste concentra a maior movimentação em torno do H2V. A região quer se posicionar como um polo produtor, devido ao alto potencial para geração de energia solar e eólica.
“O Brasil tem tudo para ser a bola da vez no processo de transição energética que vive o mundo. É rico em recursos naturais, tem pioneirismo em energia limpa e excelência na formação técnicos em academias espalhadas em diferentes capitais do país”, esclareceu Dueire.
Segundo o parlamentar, a boa infraestrutura em portos vocacionados para plataformas de exportação de hidrogênio verde, como Suape e Pecém, pode e deve ser considerada nesse momento de definição dos investimentos e da cooperação com a União Europeia no setor.