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Economia

Tapuio quer crescer em Pernambuco

Pernambucano Francisco Veloso abriu a empresa no Rio Grande do Norte e agora foca no seu Estado natal

Criados no pasto, os animais da fazenda de Veloso são responsáveis pela produção de cinco toneladas de queijos de búfalas, que buscam ganhar mais espaço no Estado.Criados no pasto, os animais da fazenda de Veloso são responsáveis pela produção de cinco toneladas de queijos de búfalas, que buscam ganhar mais espaço no Estado. - Foto: Divulgação

A história de Francisco Veloso começou há 26 anos, quando ele e a esposa Márcia compraram uma fazenda no semiárido do Rio Grande do Norte. Foi parar lá depois de passar por empregos públicos e movido pelo sonho de empreender no agronegócio. Sabia que não ia ser fácil, porque, assim como a vida, o semiárido traz desafios todos os dias. Há seis anos, o Nordeste convive com a mais severa seca da sua história. Mas isso não o intimada. Instigado, o pernambucano de nascença faz o caminho de “volta” para casa, e, na busca por expandir as vendas da sua Tapuio Agropecuária, vê o Estado como um grande potencial consumidor de queijos nobres de leite de búfala.

“Pernambuco é o segundo mercado de maior poder aquisitivo, perdendo apenas para a Região Metropolitana de Salvador. Hojevendemos cinco vezes mais para Natal e percebemos que a distribuição não está compatível com o mercado, pois existe demanda”, diz Veloso, destacando que os ovos especiais e os queijos de búfala são de alto valor agregado e destinados a nichos de mercado. A ideia é fazer de Pernambuco um consumidor de 20% do que se produz na Tapuio, que, por semana, fabrica cinco toneladas de queijo e, por dia, 65 mil ovos.

Ele conta que atua por aqui há mais de dez anos. Frisa, no entanto, que, apesar de as vendas representarem apenas 4% dos negócios, acredita que, em dois anos, essa participação tem tudo para dobrar frente ao elevado potencial do Estado. Veloso não mira no mercado à toa. Além de Pernambuco ser um dos maiores produtores de ovos e frangos do Norte-Nordeste, quarto na produção de ovos e sétimo na de frango no País, também é um dos maiores consumidores das iguarias lácteas.

Francisco Veloso conhece bem as potencialidades locais e há seis meses fechou uma parceria com três produtores de leite da Mata Sul pernambucana. “Queremos ganhar escala e não temos como fazer isso sozinhos. Compramos três mil litros de leite por semana, com boa perspectiva de crescimento”, projeta. Para dar suporte ao seu plano de expansão, recentemente, a empresa realizou um aporte de R$ 4 milhões na construção de uma nova ordenha de búfalas totalmente automatizada, que funciona como um carrossel.

Trata-se do primeiro laticínio de búfalas do País a contar com essa tecnologia, importada da Irlanda do Norte, e é o primeiro do gênero na América Latina. Isso possibilitará dobrar a produção até 2021, saltando das atuais 20 toneladas de queijo por mês para aproximadamente 40 toneladas.

Já em operação, a nova ordenha automatizada tem capacidade para até 160 animais por hora. O investimento visa dar suporte ao plano de expansão, tanto no mercado interno quanto no externo, já que a Tapuio é o único laticínio no Brasil autorizado pelo Ministério da Agricultura (Mapa) a exportar derivados de leite de búfalas. Com faturamento de R$ 22 milhões em 2016, a fazenda tem quase 500 hectares e contabiliza 1.400 cabeças de búfalos, da raça murrah, originária da Índia.

Desses animais, mais de 450 são búfalas em lactação, que produzem 3 mil litros de leite por dia.

A empresa exporta para os Estados Unidos e Nova Zelândia. E as possibilidades são significativas: a marca negocia agora com Argentina e Chile. “Percebemos que o bem-estar animal, com a criação de búfalos em pasto - e não em confinamento - é mais um diferencial valorizado no mercado externo”, enfatiza Veloso.

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