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Taxa de desemprego recua para 13,7% com aumento de vagas formais e informais

Pela primeira vez desde abril de 2020, quando a pandemia tinha acabado de começar, mais da metade da população em idade para trabalhar tem algum tipo de ocupação

Carteira de TrabalhoCarteira de Trabalho - Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

A taxa de desemprego no Brasil recuou para 13,7% no trimestre encerrado em julho, informou nesta quinta-feira (30) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A redução da taxa foi possível graças ao aumento no número de pessoas ocupadas, puxado principalmente pela informalidade, que chegou a 40,8% do total de trabalhadores com algum tipo de atividade. São 36,3 milhões de pessoas em trabalhos sem carteira e sem CNPJ.


Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, houve melhora também no emprego formal. Pela primeira vez desde abril de 2020, quando a pandemia tinha acabado de começar, mais da metade da população em idade para trabalhar tem alguma ocupação.

Apesar da melhora, o Brasil ainda tem 14,1 milhões de pessoas em busca de algum tipo de trabalho. O país ainda não recuperou o nível de ocupação que tinha antes da pandemia.

No trimestre até julho, 89 milhões de pessoas tinham trabalho, 8,6% mais do que há um ano. "A população ocupada segue inferior ao período pré-pandemia em cerca de 5 milhões de pessoas", afirma a analista do IBGE Adriana Beringuy.

No início do ano passado, no trimestre até janeiro de 2020, a população ocupada era de 94,1 milhões de pessoas, o pico da série histórica iniciada em 2012.

Na comparação com o trimestre até abril, 3,1 milhões de trabalhadores conseguiram alguma ocupação, seja ela formal ou informal, um avanço percentual de 3,6%.

A vacinação, que já chegava a parte da população economicamente ativa em julho, e a retomada de diversas atividades econômicas podem ter favorecido a melhora do nível de emprego, avalia a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

O resultado do trimestre até julho ficou um pouco melhor do que o esperado pelo mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam taxa de 13,9% entre maio e julho.

Segundo o IBGE, houve melhora ou estabilidade em quase todas as categorias de ocupação.

O emprego com carteira assinada teve o primeiro aumento desde janeiro de 2020. Na comparação com o trimestre até abril, 1 milhão de pessoas conseguiram novos trabalhos registrados, um crescimento de 3,5%.

Situação do emprego no Brasil 

Para o trimestre encerrado em julho de 2021, segundo o IBGE
14,1 milhões

Estão procurando qualquer tipo de emprego
13,7%

É a taxa de desemprego
89 milhões

Têm algum tipo de trabalho
25,1 milhões

Estão trabalhando por conta própria, com e sem CNPJ
30,6 milhões

Estão no setor privado com carteira assinada
36,3 milhões

Estão trabalhando na informalidade

Na informalidade, o crescimento foi de 6,2% na comparação com o trimestre móvel anterior quando considerados todos os tipos de atividade sem registro, como conta-própria e empregador sem CNPJ, trabalhador formal e doméstico sem carteira e auxiliar. Em um ano, o total de informais cresceu 5,6 milhões.

Entre os empregados no setor privado sem carteira, o aumento foi de 6%. Na comparação com o mesmo trimestre no ano anterior, o crescimento foi de 19%, o equivalente a 1,6 milhão a mais de trabalhadores.
O maior avanço na comparação anual veio do trabalho por conta própria, que cresceu 17,6%, chegando a um novo recorde em toda a série histórica, segundo o IBGE.

Esse é o tipo de atividade que está garantindo alguma ocupação a 25,2 milhões de pessoas no Brasil. Na comparação com o trimestre móvel anterior, houve aumento de 4,7%, com 1 milhão de pessoas a mais.
Diferentemente do nível de ocupação, que teve recuperação, mas ainda não compensou as perdas do período mais agudo da pandemia, o trabalho por conta própria repôs as reduções do ano passado e superou o pré-crise.

"O trabalho por conta própria tem sido como as pessoas estão se inserindo mais rapidamente no mercado. É uma modalidade que já crescia em outros momentos de crise. É um dos primeiros a serem afetados e também dos primeiros a reagir", diz Adriana Beringuy, do IBGE.

Outro tipo de trabalho com recorde no trimestre foi o doméstico, que cresceu 7,7%, com um total de 5,3 milhões de trabalhadores nesse tipo de atividade. Em relação ao mesmo período em 2020, a alta foi de 16,1%, com 739 mil pessoas a mais.

A força de trabalho, que considera os ocupados e os que estão em busca de colocação, cresceu 8,4% no trimestre até julho na comparação com o mesmo período em 2020. São 7,9 milhões de pessoas que voltaram a essa condição. Um ano antes, a força de trabalho recuava 10%.


O aumento da força de trabalho também influencia na taxa de desemprego. Para um trabalhador ser considerado desempregado, é necessário que ele esteja procurando posição.

Portanto, alguém fora da força de trabalho, que desistiu de procurar, por exemplo, não é considerada desocupada. No ano passado, um avanço menos agressivo da taxa de desemprego foi atribuído a essa desistência -com menos gente buscando trabalho, menos gente era considerada desempregada.

De 95,1 milhões de pessoas na força de trabalho no período de maio a julho de 2020, no mesmo trimestre deste ano são 103,1 milhões. Na comparação com os três meses até abril, o aumento é de 2,4%, o equivalente a 2,4 milhões de pessoas.

A analista da Pnad destaca a redução também no contingente que está fora da força de trabalho. Na comparação anual, o trimestre até julho registrou a primeira queda percentual entre os que se retiraram do mercado de trabalho. A queda, em relação ao mesmo período de 2020, foi de 4,8 milhões de pessoas, um recuo de 6,1%.

A pesquisa do IBGE identificou também um recuo no rendimento médio real dos trabalhadores, a despeito do aumento da ocupação.

Isso aconteceu, segundo Adriana Beringuy, analista da Pnad, devido ao aumento da informalidade, que tende a incluir um conjunto de trabalhadores com remunerações menores.

A alta da inflação tem efeito sobre o resultado. O rendimento médio real ficou em R$ 2.508 no trimestre até julho, uma queda de 2,9% em relação aos três meses anteriores, e de 8,8% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Em seis de dez atividades analisadas pelo IBGE houve melhora na ocupação. Houve estabilidade nos outros quatro. Os melhores desempenhos vieram de construção, com 10,3%, alojamento e alimentação, com 9%, e serviços domésticos, 7,7%.

Na comparação anual, oito atividades registraram crescimento. A construção cresceu 23,8%. No segmento de alojamento e alimentação, a alta foi de 16,8%, e nos serviços domésticos, de 16,5%. Esses dois últimos, diz Adriana, do IBGE, tiveram perdas acentuadas durante a pandemia e ainda estão em recuperação.

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