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Taxas de juros caem alinhadas aos Treasuries após Powell avisar que Fed cortará juros

As taxas dos Treasuries recuaram, principalmente entre os vencimentos mais curtos,

Taxas de juros caem alinhadas aos Treasuries após Powell avisar que Fed cortará jurosTaxas de juros caem alinhadas aos Treasuries após Powell avisar que Fed cortará juros - Foto: Pixabay

A sinalização de corte de juros iminente nos Estados Unidos, dada pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ecoou também nas taxas de Depósito Interfinanceiro (DI), que acompanharam o movimento da curva americana e recuaram cerca de 10 pontos-base, mas seguem apontando para expectativa de aumento na Selic em setembro.

Em um discurso no simpósio econômico de Jackson Hole, nos Estados Unidos, Powell disse que "chegou a hora" de o Fed ajustar a política monetária - leia-se reduzir a taxa de juros.

A fala foi suficiente para que o mercado voltasse a aumentar a aposta numa redução de 50 pontos-base na taxa dos Fed Funds no mês que vem, ainda que Powell tenha avisado que o momento e o ritmo dos cortes dependerá de indicadores econômicos e do balanço de riscos à inflação.

O cenário mais provável, no entanto, continua sendo o de queda de 25 pontos-base, segundo a Ferramenta CME FedWatch.

As taxas dos Treasuries recuaram, principalmente entre os vencimentos mais curtos, e arrastaram consigo os juros dos contratos de DI, que ontem haviam subido também por influência do mercado americano.

A queda das taxas brasileiras, porém, não foi forte o suficiente para apagar da curva a expectativa de elevação da Selic em setembro, que vem gradualmente se consolidando como o cenário base do mercado após o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, enfatizar em vários pronunciamentos recentes que o juro básico pode subir se o Copom julgar necessário.

Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, aponta que a atividade econômica e a inflação resistentes no Brasil também colaboram para manter a alta da Selic no radar dos investidores, assim como a dúvida em torno da trajetória da dívida pública, tendo em vista o crescimento contínuo das despesas obrigatórias do governo e a compressão do espaço disponível para o controle dos gastos discricionários.

"Parece mais provável que o Banco Central tenha que começar a aumentar os juros este ano. A questão é se até setembro os dados vão confirmar esse cenário", afirmou o economista. Ele estima manutenção da Selic em 10,5% no mês que vem, mas a projeção tem viés de alta e está em revisão.

Nem todo o mercado, porém, está convencido de que o avanço da taxa básica será inevitável. "A gente não acha que vai ter alta de juros este ano", disse Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group. "Grande parte do movimento de precificação de alta de juros se deu pela alta do câmbio, do dólar, e isso se deveu muito menos a fatores Brasil e muito mais ao iene e ao carry trade", avaliou.

"Como o banco central japonês falou que não vai mais aumentar os juros, o segundo semestre tende a ter um comportamento bem mais benéfico. Boa parte do carry trade foi zerado", acrescentou.

Miraglia acredita também que, a partir do momento em que o Federal Reserve efetivamente reduzir a taxa de juros americana, os ativos de risco serão beneficiados por um fluxo ligado a essa decisão, trazendo o dólar para mais perto de R$ 5 até o final deste ano.

"Neste cenário, a gente acha que a manutenção da Selic é dada" em setembro, com um corte de 0,25 ponto acontecendo em janeiro de 2025, afirmou.

A taxa do contrato de DI para janeiro de 2026 fechou a 11,465%, de 11,621% no ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 diminuiu a 11,450%, de 11,629%, e a taxa para janeiro de 2029 recuou a 11,550%, de 11,703%. Na semana, porém a curva ganhou inclinação, com as taxas curtas acumulando queda e as longas, leve alta.

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