Logo Folha de Pernambuco
taxas

Técnicos do governo se reúnem após anúncio de Trump para avaliar impactos de taxas sobre o Brasil

Ideia é entender como esse "tarifaço" de Trump afetará as exportações do Brasil para os EUA

O memorando assinado por Trump se soma à aplicação de tarifas adicionais de 25% às importações de aço e alumínio de todo o mundo, incluindo o BrasilO memorando assinado por Trump se soma à aplicação de tarifas adicionais de 25% às importações de aço e alumínio de todo o mundo, incluindo o Brasil - Foto: Andrew Caballero-Reynolds / AFP

Assim que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um memorando estabelecendo tarifas recíprocas a países que cobram taxas de importação de produtos americanos, técnicos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se debruçaram sobre o documento.

A ideia é entender como esse "tarifaço" de Trump afetará as exportações do Brasil para os EUA.

O memorando assinado por Trump se soma à aplicação de tarifas adicionais de 25% às importações de aço e alumínio de todo o mundo, incluindo o Brasil.

Com a nova medida, anunciada nesta quinta-feira, a estratégia de negociação a ser elaborada pelo governo brasileiro será ainda mais ampliada e desafiadora, na avaliação de interlocutores dos órgãos envolvidos ouvidos pelo Globo.

Entre os parceiros citados por um comunicado da Casa Branca está o Brasil.

O governo americano ressalta que, enquanto a tarifa do etanol, aplicada pelos EUA, é de apenas 2,5%, o imposto cobrado pelo Brasil é de 18%.

Automóveis, que têm uma alíquota de 35% ao entrar no Brasil, podem também estar sujeitos à reciprocidade, arrisca um técnico.

Interlocutores do governo Lula afirmam que é importante ter calma e examinar o que diz o memorando.

Não está claro, por exemplo, sobre quando as tarifas entrarão em vigor. Essa indefinição do prazo leva a crer que Trump quer negociar acordos bilaterais que possam beneficiar as exportações americanas.

Em 2020, durante uma visita do ex-presidente Jair Bolsonaro a Washington, o Brasil concordou em abrir uma cota de cerca de R$ 150 milhões de litros de etanol oriundo dos EUA sem Imposto de Importação.

O acordo foi feito por Bolsonaro e Trump, em se primeiro mandato. É possível que o presidente americano queira repetir essa fórmula com itens que têm tributação maior do que as que os EUA aplicam, por meio de exceções.

Paralelamente, se depender do Brasil, as exportações brasileiras de aço e alumínio também serão incluídos em uma cota, em que uma determinada quantidade desses produtos entraria nos EUA sem a sobretaxa de 25%. Esse caminho foi seguido em 2021, também em uma negociação com o governo Trump.

Para o presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, é correto agir com calma nesse cenário.

A atividade comercial, afirmou Viana, precisa ser pragmática, ainda mais porque os EUA estão entre os maiores parceiros comerciais do Brasil.

— O presidente Lula, que neste ano está na presidência do Brics, tem tomado a mais correta atitude nesses tempos de pré-guerra comercial.Tem que ter calma e entender que o Brasil tem na China o seu maior parceiro comercial e, nos Estados Unidos, um de seus grandes parceiros comerciais — disse presidente da Apex.

— A indústria americana, em algum momento, vai ter que comprar aço de alguém, ou negociando cotas ou com quem tenha menos conflitos. A atividade comercial tem que ser pragmática. É importante ter muita calma nesta hora — completou.

Veja também

Newsletter