Técnicos veem encandeamento de problemas em milissegundos durante apagão
Há a suspeita de que o software de proteção tenha sido mais 'cauteloso' do que o necessário
Técnicos do Ministério de Minas e Energia (MME) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) afirmam que é permanece complexo apontar com exatidão as causas e os locais em que teve início o apagão dessa terça-feira (15). A avaliação de hoje é que foram eventos simultâneos, em um "encadeamento de "milissegundos" de falhas.
As explicações dadas pelo governo até aqui indicam que o problema teve origem em uma sobrecarga no Ceará, mas não foi esta a única causa. Mesmo esse evento no Ceará pode ter ocorrido em mais de um equipamento ao mesmo tempo. Teria havido ainda um segundo problema, na região Norte.
Com as falhas, um sistema chamado de Erac (Esquema Regional de Alívio de Carga), uma espécie de software de proteção, atuou e cortou o fornecimento de forma escalonada. O Erac é um sistema que desliga o fornecimento de energia para evitar sobrecargas e danos maiores.
A dúvida é se o Erac foi mais "cauteloso" do que o necessário, ou seja, cortando energia além do que de fato era aconselhável tecnicamente. O software não seria a causa do apagão, mas pode ter agravado o problema, de forma preventiva.
Como a geração de energia precisa ser bastante similar à demanda ao longo do dia, não pode haver nem excesso e nem falta, sob o risco de colapso e perda de equipamentos.
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No momento do apagão, as regiões Norte e Nordeste estavam exportando energia para o Centro-Sul. Isso porque há uma abundância de fontes renováveis naquelas regiões, especialmente usinas eólicas. Dessa forma, foi preciso cortar a energia que faltava no Centro-Sul e a que sobrava no Nordeste. Por isso, a geração de eólicas despencou 80%.
O Erac, então, cortou a energia para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. O sistema, então, dividiu o país em dois, separando Nordeste/Norte de Sudeste/Centro-Oeste/Sul.