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MERCOSUL

"Temos visão crítica do que foi acordado com UE; Mercosul foi o que mais cedeu", diz Fernández

Em sessão plenária do grupo sul americano, presidente da Argentina defendeu que apresentação de novas demandas pelo bloco europeu é uma oportunidade de 'reajustar os desequilíbrios'

Lula e Fernández se cumprimentam durante cúpula do Mercosul em Puerto Iguazú, Argentina Lula e Fernández se cumprimentam durante cúpula do Mercosul em Puerto Iguazú, Argentina  - Foto: Ricardo Stuckert/ Divulgação

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou que tem uma visão crítica sobre o que foi acordado entre Mercosul e União Europeia em 2019 porque “o Mercosul foi o que mais cedeu”, mas vê a apresentação de novas demandas pela União Europeia como uma oportunidade de “reajustar os desequilíbrios”.

— Estivemos focados em atualizar e aperfeiçoar o acordo com a União Europeia. Tínhamos algumas dúvidas e objeções. Temos uma visão crítica daquilo que foi acordado em 2019, o Mercosul foi o que mais cedeu — afirmou durante a abertura da sessão plenária do Mercosul.

Para o argentino, a apresentação de novas demandas da União Europeia, depois de quatro anos, é uma visão excessivamente ambiental e que espera que as negociações levem a soluções equilibradas.

— A apresentação de novas demandas da União Europeia, depois de quatro anos, é uma visão excessivamente ambiental. Apesar disso, o acordo com a União Europeia significa uma oportunidade de reconfigurar as novas cadeias de valor. Esperamos que as negociações levem a soluções equilibradas. É lá na Europa que estão as atitudes protecionistas. A proposta da Europa também pode ser uma oportunidade de reajustar os desequilíbrios do acordo — ressaltou. — O nosso compromisso com inserção internacional do bloco vai além do acordo com a União Europeia. Por isso, demos impulso a negócios mais distantes, como na América Central e nos Emirados Árabes Unidos.
 

No início de seu discurso, Fernández destacou que o mundo vive hoje um momento singular em meio às mudanças climáticas.

— Nesse cenário, tivemos uma pandemia que arrasou com 10 milhões de vidas. Isso não evitou a invasão da Rússia na Ucrânia e parece que essa guerra quer se prolongar com outros atores. A batalha determina novas relações geopolíticas — afirmou. — A América Latina deve observar essas experiências como forma de não demorar a se transformar. O mundo em desenvolvimento experimentou essas divisões. Vamos pegar a experiência alheia para não sentir a experiência dessas divisões.

Para o presidente argentino, cada oportunidade que aproveitamos é uma demonstração da nossa vocação integracionista.

— Exatamente no fim do ano passado, sentimos o efeito da crise climática e temos a maior seca dos últimos 100 anos. E isso acentuou nossas fragilidades e afetou nossas relações com o FMI — explicou.

Ele mencionou ainda que “devemos nos integrar ao mundo não só com produção de alimentos, mas também com exportação de bens elaborados”.

— Se aproveitarmos essa oportunidade, deixaremos de ser um elo apenas de produção alimentícia da cadeia produtiva. Ninguém nos pode condenar a ser apenas fornecedores. Não me apoio no isolacionismo porque se não vamos continuar marcando a desigualdade — destacou.

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