Terra do abacaxi, município de Pombos chama atenção da gigante asiática: a China
Conhecida como Terra do abacaxi, cidade produz 16 milhões de abacaxis ao ano
Conhecida como Terra do Abacaxi, a cidade de Pombos, localizada a 57 quilômetros do Recife, conseguiu despertar o interesse do maior gigante asiático, a China. A atenção do país chinês foi chamada pela fartura dos frutos mais doces do Brasil, em meio ao Agreste pernambucano, onde o clima é semiárido. O município produz especialmente o abacaxi da espécie pérola, que pode chegar até três quilos e se destaca pelo perfume e alto teor de açúcar, um fruto que se desdobra em 17 produtos nas mãos dos agricultores.
Pernambuco é o quinto maior produtor de abacaxis do Nordeste, mas o município é o campeão na produção estadual. São mais de 200 agricultores familiares que colhem aproximadamente 16 milhões de frutos durante o ano, espalhados numa área de 800 hectares (800 campos de futebol).
Segundo o secretário de Agricultura, Indústria e Comércio de Pombos, Jairo Rubens de Lima, o incentivo à produção dos agricultores colocou Pombos no mapa internacional. Em um prazo máximo de três anos, existe um potencial de crescimento de produção para 20 milhões de frutos por ano, o que vai aumentar a receita do município. Toda a colheita é feita de forma artesanal pelos trabalhadores e mais de cinco mil empregos diretos indiretos são gerados. A produção de abacaxi representa 70% da economia da cidade.
Jairo Rubens contou que a doçura do abacaxi local e o tamanho, entre outros fatores, estimularam um acordo de cooperação entre Pombos e a China para intercâmbio técnico e científico, bem como para produção agrícola e beneficiamento do abacaxi e seus derivados. A articulação foi iniciada pela Secretaria estadual do Trabalho, no ano passado, e o município ganhou asas para voos no exterior.
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O contato com os chineses se deu por meio de encontro do prefeito Marcos Ferreira e do secretário Jairo Rubens com a então Cônsul da China, Yan Yuqing. “Este acordo com a China representa, para o município de Pombos, ser enxergado no mercado internacional”, disse.
O secretário municipal acrescentou que a abertura de diálogo com o gigante asiático se dará tanto no processo de assistência técnica, implementos agrícolas, trocas de experiências, como na importação de tecnologia chinesa para a colheita e diminuição de insumos que prejudiquem a natureza. O município está aguardando a indicação do novo representante do consulado chinês no Recife para dar seguimento às negociações com o principal país dos Tigres Asiáticos.
O Sebrae, por outro lado, está trabalhando com os agricultores familiares na criação de selos que se adequem às normas internacionais. Sem o selo, não é possível exportar.
“A gente tem negociado também com algumas empresas que representam os interesses comerciais da Espanha para dialogar e apresentar nossa produção”, destacou o secretário. Ele frisou ter esperança, num futuro próximo, de que o município venda para o país chinês e também importe tecnologia para a colheita do abacaxi.
“A produção pode chegar a 20 milhões de frutos por ano devido aos incentivos que temos feito, como assistência técnica e parcerias com o Sebrae, a Universidade Federal Rural de Pernambuco, o consulado chinês, o IPA, as associações rurais e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pombos”, destacou o secretário municipal.
O agricultor Aglailson Manoel Silva, 53 anos, mudou de vida ao aderir à cultura do abacaxi. Ele começou a plantar mandioca quando tinha 15 anos, com o pai, não tinha terra, trabalhava para outras pessoas. Hoje, ele planta e colhe 140 mil frutos ao ano, em três hectares (três campos de futebol). “Hoje, temos nossa terra e conseguimos nosso sustento”, contou orgulhoso o agricultor, um dos homens que produz o fruto que identifica a cidade no Estado, nas principais comemorações e eventos.
OUTRAS NOVAS
Outras duas boas notícias de Pombos também chamam a atenção. Além de vir reduzindo sistematicamente o uso de defensivos agrícolas prejudiciais à saúde e ao meio ambiente na produção de abacaxis, os agricultores terão um espaço na BR-232, em breve, para negociar o produto e seus derivados. Esta é uma demanda presente em todos os municípios cortados pela rodovia que desenvolvem arranjos produtivos locais. “Os produtos serão vendidos diretamente do agricultor para o consumidor, teremos a fruta, derivados da fruta e produtos orgânicos”, disse o agricultor Aglailson.