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Tesouro constatou severa restrição de liquidez após pandemia, diz secretário

Funchal afirma que Conselho Monetário deve discutir em agosto transferência de lucro do BC ao Tesouro

Secretário do Tesouro Nacional, Bruno FunchalSecretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal - Foto: Divulgação/Ascom

O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, afirmou nesta terça-feira (18) que constatou severa restrição de liquidez nos cofres do Executivo federal por conta da pandemia do novo coronavírus.

Segundo ele, o CMN (Conselho Monetário Nacional) deve discutir ainda neste mês a possibilidade de transferência de lucro do BC (Banco Central) para o Tesouro.

Uma lei aprovada pelo Congresso em 2019 alterou a relação entre os dois órgãos. Antes, o lucro da autoridade monetária era transferido para o Tesouro. Pela nova regra, o resultado das operações cambiais passa a ser destinado a uma reserva de resultado no próprio banco. Apenas as operações não relacionadas ao câmbio seguem encaminhadas ao Tesouro.

 



A norma define que valores desse fundo sejam repassados à União para custeio da dívida pública "quando severas restrições nas condições de liquidez afetarem de forma significativa o seu refinanciamento".

Com base na regra, o ministro Paulo Guedes (Economia) quer que o BC devolva R$ 400 bilhões ao Tesouro resultantes dos lucros obtidos pela autoridade monetária.

"A gente olha exatamente para a situação trazida pela a pandemia e a gente consegue verificar essa severa restrição de liquidez", afirmou Funchal em seminário promovido pelo Santander.

A liquidez do Tesouro diz respeito à disponibilidade de recursos nos cofres do governo para honrar seus compromissos, especialmente de refinanciamento da dívida pública.

De acordo com o secretário, o colchão de liquidez do órgão vinha em situação de conforto, mas o conjunto de medidas de enfrentamento ao coronavírus demandou um aumento das emissões de títulos públicos.

Segundo ele, também colaborou para a conta a demanda do mercado por um encurtamento da dívida do governo, fazendo com que a necessidade de recursos para rolagem nos próximos meses seja maior.

"É isso que o Tesouro está fazendo, está constatando, de fato, essa severa restrição de liquidez, leva o tema para ser discutido no Conselho Monatério Nacional, provavelmente no mês de agosto, e a deliberação vai ser do Conselho", disse.

O CMN é formado pelo ministro da Economia, pelo presidente do BC e pelo secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, subordinado de Guedes.

No seminário, Funchal também afirmou que o governo não discute flexibilizar o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas públicas à variação da inflação.

"Qualquer discussão que a gente veja uma fragilização dessa regra, a gente vê os juros dando um soluço. E esse soluço é caro para a sociedade. É caro para rolar dívida ou porque vai ficar mais caro para as empresas se endividarem, o país terá mais dificuldade de fazer investimentos e gerar empregos", afirmou.

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