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Mercado Financeiro

Tesouro vê risco-Brasil maior e investidores cobrando mais caro após drible no teto

Diante do cenário de incerteza, o Tesouro teve que ajustar leilões, reduzindo lotes para não pagar tão caro

Investimento Investimento  - Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O Tesouro Nacional observou uma elevação da curva de juros em outubro, o que se reflete em investidores cobrando mais caro para empresar ao país, após a operação de governo e parlamentares para driblar o teto de gastos e expandir despesas em ano eleitoral.

O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital, afirma que a elevação na curva de juros no país foi observada em meio à maior preocupação do mercado com o cenário das contas públicas brasileiras. "Essa performance pior do Brasil pode ser explicada por questões domésticas, principalmente fiscais", diz.

Os números apresentados pelo Tesouro apontam que as taxas médias cobradas por investidores nas emissões de títulos públicos ao fim de setembro já eram recordes desde, pelo menos, 2018 -alcançando 11,16% ao ano no caso das NTN-F com vencimento em 10 anos, por exemplo. Em outubro, no leilão mais recentes, foi registrada uma taxa ainda maior para o papel (de 11,89%).


Tanto as partes intermediárias como as longas da curva de juros tiveram alta. "A gente teve um movimento expressivo nos juros, com alta considerável", afirma Vital.

"Ela basicamente traduz o noticiário fiscal, intenso e com muitas incertezas principalmente sobre trajetória fiscal", afirma ele, lembrando que o cenário afeta as expectativas sobre a política monetária. "Em resumo, esse noticiário fiscal mais intenso responde por boa parte desse aumento de juros", diz.

Outros indicadores monitorados pelo Tesouro corroboram a maior percepção de risco sobre o Brasil em outubro e um movimento destoante do país em relação ao observado em pares emergentes acompanhados pelos técnicos.

O CDS (Credit Default Swap, indicador de risco-país) do Brasil apresentou alta de 10,8% sobre o mês anterior, alcançando o valor de 228 pontos na última terça-feira (26). Enquanto isso, todos os outros países acompanhados tiveram melhora –são eles Chile (queda de 4,2%, para 84 pontos), México (queda de 6,1%, para 95), Colômbia (queda de 9%, para 153) e Peru (queda de 19,9%, para 84).

Diante do cenário de incerteza, o Tesouro teve que ajustar leilões, reduzindo lotes para não pagar tão caro e aguardando momentos de maior estabilidade do mercado.

Os indicadores de outubro fazem parte de uma prévia dos dados da dívida pública, tradicionalmente apresentada pelo Tesouro na reta final do mês. Nesta quarta-feira (27), foram apresentados os dados completos de setembro.

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