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Teto do preço do petróleo russo ainda não demonstrou eficácia total

Mecanismo, elaborado pelos países do G7, exige que apenas o petróleo vendido a um preço igual ou inferior a 60 dólares por barril podem continuar sendo entregues

Produção de petróleoProdução de petróleo - Foto: Bruno Domingos/Direitos Reservados

A limitação do preço do petróleo russo, aprovada há oito meses pelos países ocidentais como parte das garantias pela guerra na Ucrânia, conseguiu moderar as receitas petrolíferas de Moscou, mas ainda não experimentou sua força total, afirmam vários analistas.

"As receitas (de petróleo) da Rússia são quase 50% menores que há um ano", afirmou na terça-feira uma fonte do governo dos Estados Unidos.

Para medir o sucesso desta política é necessário observar "se a receita geral da Rússia sofre ou não em comparação com um mercado sem restrições", acrescentou a fonte.

O mecanismo, que entrou em vigor em dezembro de 2022 e foi elaborado pelos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), exige que apenas o petróleo seja vendido a um preço igual ou inferior a 60 dólares por barril podem continuar sendo entregues.

Além do preço, empresas com sede na União Europeia, nos países do G7 e na Austrália estão proibidas de prestar serviços que compram o transporte marítimo (comércio, carga, seguros, etc) de petróleo russo.

A ideia é limitar as receitas petrolíferas da Rússia, mantendo ao mesmo tempo um incentivo econômico suficiente para que o país continue vendendo seu petróleo a um preço reduzido, em vez de retirar seus barris do mercado, o que resultaria em preços mais elevados.

"O teto de preços do G7 conseguiu o que foi projetado para fazer: limitou a receita da Rússia enquanto mantém o petróleo no mercado", disse Matthew Holland, analista da Energy Aspects, à AFP.

"Descontos consideráveis"
Antes da guerra, a receita com petróleo representava quase um terço do orçamento do país, contra 25% em 2023, destacou o subsecretário interino de Política Econômica dos Estados Unidos, Eric Van Nostrand.

De modo paralelo, os volumes de exportação russos permanecem "surpreendentemente estáveis", aponta Helge André Martinsen, analista do DNB.

Para estimular os compradores a não desistirem do petróleo russo, Moscou está oferecendo "contratos de entrega de petróleo a longo prazo com descontos consideráveis, da ordem de 30% abaixo do preço do Brent, a compradores do sudeste asiático e para a Índia", disse a fonte do governo americano na terça-feira.

Desde dezembro, a cotação do petróleo do tipo Brent, referência na Europa, está abaixo dos 90 dólares, enquanto seu equivalente americano, o WTI, não supera US$ 85 por barril.

Em oito meses, o Ural, uma variedade de referência do petróleo russo, foi negociado quase o tempo todo por menos de 60 dólares por barril.

Agora o mercado enfrenta um momento de tensão com as decisões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, incluindo a Rússia, de cortes voluntários da produção desde maio, o que poderia elevar os preços.

"Este pode ser o primeiro teste real do teto de preços", afirmou Helge André Martinsen. "Sabemos que (...) a Rússia tentará escapar do limite de preços", alerta Eric Van Nostrand.

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