Tok&Stok; renegocia dívida com bancos e recebe aporte de R$ 100 milhões de fundadores e do Carlyle
Varejista quitou ainda dívida com fornecedor que pediu a falência da empresa na Justiça
A Tok&Stok fechou um acordo com bancos credores para reperfilar mais de R$ 300 milhões em dívidas financeiras. Além disso, terá um aporte no valor de R$ 100 milhões vindos de seus sócios, o Carlyle, fundo controlador da varejista, e a família de seus fundadores, o casal de franceses Régis e Ghislaine Dubrule, informou a companhia.
Em paralelo, a empresa obteve na Justiça de São Paulo o afastamento do pedido de falência apresentado pela Domus Aurea, de gestão de ambientes de TI.
Leia também
• Desorganização financeira é o principal obstáculo para o sucesso de microempresas no Brasil
• Mais de 100 mil contas hackeadas do ChatGPT estão à venda na dark web por US$ 10
• Investimentos no Tesouro Direto somam R$ 4,31 bilhões em maio
Em abril, a fornecedora recorreu a 3ª vara de Falências e Recuperações Judiciais do TJSP cobrando R$ 3,8 milhões em pagamentos não realizados pela Tok&Stok. É que, em abril do ano passado, as duas empresas cancelaram o contrato de prestação de serviço da Domus, acordando o pagamento de R$ 26,4 milhões pela Tok&Stok em 24 parcelas iguais.
O valor em aberto, segundo a demanda da Domus, representa as parcelas não quitadas entre os meses de janeiro a março deste ano. Além de cobrar o inadimplemento, a Domus afirmou à Justiça que a varejista teria “insolvência constatada” e que seria “necessária a decretação de falência”.
Agora, a Tok&Stok realizou um pagamento no valor de R$ 4,22 milhões, quitando as parcelas em aberto, incluindo ainda honorários advocatícios. A juíza Clarissa Somesom Tauk decretou o afastamento do pedido de falência apresentado contra a varejista.
Reestruturação financeira
O aporte recebido de seus sócios, informa a Tok&Stok, fortalece o caixa da companhia. Com a renegociação da dívida bancária, que soma perto de R$ 350 milhões, a empresa obteve um prazo de dois anos livre de pagamentos desses débitos, e voltará suas atenções à operação.
Com mais de 40 anos de atuação e líder no mercado varejista de móveis e decoração, a Tok&Stok saiu da pandemia com as finanças abatidas, com resultado inferior ao registrado no pré-Covid, sobretudo por fragilidades em seu e-commerce, contam fontes próximas à varejista.
Em fevereiro, em meio a dificuldades, a Tok&Stok contratou a consultoria Alvarez&Marsal para conduzir sua reestruturação financeira. De lá para cá, fechou 17 lojas classificadas como não rentáveis em cinco estados do país, contando agora com uma rede de 51 unidades. Agora, a companhia afirma registrar geração de caixa positiva este ano, segundo comunicado divulgado na segunda-feira.
‘Transformação digital rentável’
A empresa volta suas atenções para a recuperação operacional do negócio, afirmando que vai focar na “transformação digital rentável”. Para isso, vai recorrer a sistemas ágeis de forma a garantir o atendimento. Vai ainda trabalhar para simplificar sua estrutura interna, olhando para gestão de processos em suas lojas e para a operação do centro de distribuição.
Supermercados: Casino quer vender sua participação no Pão de Açúcar para reduzir dívida
O centro de distribuição foi motivo de outro alerta vermelho em relação à situação financeira da Tok&Stok. Em fevereiro, a Vinci Real Estate, que faz a gestão do Vinci Logística Fundo de Investimento Imobiliário, entrou na Justiça com uma ação de despejo contra a varejista pelo não pagamento do aluguel daquele mês de galpão logístico em Extrema, Minas Gerais.
Em março, a Vinci comunicou o pagamento do aluguel de fevereiro do galpão, destacando que o valor de janeiro, porém, seguia em aberto.
Procuradas, a Tok&Stok e a Alvarez&Marsal não comentaram.