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Trabalho infantil: Mais de 756 mil menores estão em atividades perigosas, quase metade do total

Entre as crianças de 5 a 13 anos, faixa etária que não poderia trabalhar sob nenhum pretexto segundo a lei, houve alta de 50% em 2022 frente 2019

Trabalho infantilTrabalho infantil - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O trabalho infantil não só voltou a crescer no país como tem submetido mais crianças e adolescentes a condições perigosas, ou seja, que envolvem risco de acidentes graves ou são prejudiciais à saúde. O aumento foi observado sobretudo entre as crianças de 5 a 13 anos, parcela que não pode trabalhar sob nenhum pretexto. É o que mostra pesquisa "Pnad Contínua Trabalho de Crianças e Adolescentes", divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE. As informações foram coletadas em 2022.

Quase metade (756 mil, ou 46,2%) dos 1,6 milhão de menores que estavam no mercado de trabalho se encontrava em condições consideradas perigosas, ou seja, que oferecem riscos à saúde e integridade física. São crianças e adolescentes que estão em ambientes que os expõem a situações imorais ou doenças e acidentes irreversíveis.

Este número vinha caindo desde 2016, quando a proporção de menores nestas condições estava no máximo da série, 51,3%, recuando até 45,9% em 2019. Mas voltou a subir em 2022 e o país andou alguns anos para trás, regredindo ao nível próximo de 2017 (46,2%).

Alta de 50% na faixa de 5 a 13 anos
Segundo a pesquisa, a expansão do trabalho infantil perigoso foi observada entre crianças com 5 a 13 anos de idade, que somaram 158 mil em 2022, alta de 50% em relação a 2019 (105 mil). Na faixa de 14 e 15 anos são 180 mil nesta condição, nível próximo ao de 2019.

Apesar da alta entre os mais novos, a parcela de 16 a 17 anos é a que mais contém menores em trabalho perigoso: 419 mil pessoas, alta de 0,7% frente 2019.

Os "piores trabalhos" da lista TIP (Trabalho Infantil Perigoso)
A chamada lista TIP - Trabalho Infantil Perigoso - inclui cerca de 93 trabalhos prejudiciais à saúde e à moralidade. Na lista estão atividades como operação de tratores e máquinas agrícolas, ou no processo produtivo do fumo, algodão, cana, entre outros.

Jornadas de 40 horas ou mais
A pesquisa revela ainda o tempo que os menores dedicaram ao trabalho irregular, deixando de lado seu tempo de lazer e outros direitos previstos na infância. Entre as crianças e adolescentes de 5 a 17 anos que estavam em situação de trabalho infantil em 2022, 20,5% delas trabalhavam 40 horas ou mais.

A lei proíbe qualquer tipo de trabalho até os 13 anos. E, segundo o IBGE, houve um salto de 2019 para 2022 entre as crianças de 5 a 13 anos que trabalhavam 40 horas ou mais. Em 2019, apenas 0,3% (menor nível da série, iniciada em 2016). Em 2022, contudo, este número foi para 1,3%.

Entre 14 e 15 anos, o trabalho só é permitido na forma de aprendiz e tem limite de 30 horas semanais para quem tem o ensino fundamental incompleto e 40 horas semanais para quem tem o ensino fundamental completo. Nesta faixa etária, 13,5% trabalhavam 40 horas ou mais - segundo maior nível desde 2016 para este grupo.

Entre aqueles com 16 e 17 anos, mais de um terço (32,4%) fazia jornadas de 40 horas ou mais - nível mais alto da série, iniciada em 2016.

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