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Tecnologia

Transformação digital: uma década em um ano

Impulsionada pelo avanço da pandemia, a tecnologia também se expandiu de forma acelerada, com forte investimento em vários setores

Segurança das informações e dados será um dos destaques da tecnolgia em 2021Segurança das informações e dados será um dos destaques da tecnolgia em 2021 - Foto: Ed Machado / Folha de Pernambuco

Se antes os avanços tecnológicos eram apenas letras no planejamento das companhias, agora os recursos são realidade. Em menos de um ano, a transformação digital ocorreu de forma tão acelerada quanto o que foi visto na última década, por conta da pandemia provocada pela Covid-19, onde a necessidade fez com que a tecnologia estivesse cada vez mais presente. Entre as tendências tecnológicas para 2021, estão alguns reflexos da transformação digital proporcionada e acelerada pela pandemia, como o investimento em cibersegurança, forte presença da internet das coisas (IoT), e o estímulo ao desenvolvimento do 5G, nas mais diversas áreas.

Na avaliação do presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, a segurança da informação será o principal segmento que vai crescer este ano. Segundo ele, o principal motivo é pela rápida aceleração do processo de transformação digital das empresas e por conta da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

“O que observamos pelo Porto Digital é que a área está sendo exigida, temos como tendência segurança da informação, porque tem a LGPD, isso vai demandar muito investimento. Acreditamos também em forte crescimento da Inteligência Artificial, principalmente como uma necessidade de ajudar as pessoas com essa prestação do serviço”, contou.

Já de acordo com o expert da SingularityU Brazil, Alexandre Nascimento, uma forte tendência tecnológica este ano será a digitalização de operações físicas, beneficiando diretamente o setor industrial. “Outra aposta é a utilização de digital twins, os gêmeos digitais, na indústria, permitindo a virtualização de operações físicas, e com isso, operações a distância. A utilização combinada de Inteligência Artificial com digital twins permitirá que muitas simulações e experimentações sejam realizadas a baixo custo, permitindo que otimizações sejam realizadas nas indústrias”, declarou.

Segundo Alexandre, setores da economia que antes não aproveitavam tanto da tecnologia, devem intensificar o uso para acelerar a digitalização. “Hoje temos a combinação de tecnologias exponenciais transformando todos os setores. Alguns exemplos são aqueles em que há ainda um subaproveitamento na utilização de grande parte do potencial tecnológico, tal como a saúde, a educação, a segurança, o transporte, bem como os setores alimentício, imobiliário e os utilitários (como água e energia)”, comentou.

Na avaliação do CEO do Zro Bank, Edísio Pereira Neto, uma tecnologia simples que deve ser impulsionada no Brasil é o pagamento por meio do QR Code, que deverá ser impulsionado pelo sistema de pagamentos do Pix. “Nós vamos ver muito isso no varejo, principalmente, as maquininhas podem ser substituídas e o uso do cartão será menor. É algo que em dois anos no máximo o cartão será pouco usado e substituído pelo QR Code. O Banco Central está abrindo muito o mercado, e as pessoas vão poder aproveitar muito bem isso”, avaliou.

Mão de obra é desafio no Estado
No Estado, o ano de 2020 foi positivo para as empresas do segmento tecnológico. Segundo dados do SoftexRecife, uma associação de empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), sem fins lucrativos, o segmento obteve 54 novos associados, sendo 7 deles de fora da Região Metropolitana do Recife, totalizando assim 204 empresas ligadas à entidade.

Segundo o presidente do SoftexRecife, Yves Nogueira, isso representa um crescimento da demanda, fazendo com que as empresas se fortaleçam e busquem se inserir cada vez mais no mercado. “O mercado acordou para a necessidade da transformação digital. A gente entende que TI é meio, e não o fim de cada setor, as empresas devem se utilizar das soluções para poder resolver não só a inserção, mas resolver os negócios”, disse.

Em Pernambuco, Yves aposta que tecnologias voltadas para o setor têxtil e agricultura podem ser boas apostas. “Estamos focando e apostando no interior do Estado, direcionando nosso trabalho para fora da Região Metropolitana do Recife. Existem áreas que acreditamos que precisam mais de tecnologia, como o polo têxtil, com foco em Caruaru. Pensamos muito também no Vale do São Francisco, que tem um crescimento das agritechs, com tecnologia para área agrícola. São setores que vamos apostar e acreditamos em um crescimento”, afirmou.

Quanto à dificuldade em encontrar mão de obra qualificada para o setor de TI, o presidente do SoftexRecife destaca que esse será mais um desafio que as empresas vão enfrentar este ano. “Já se tinha carência, e com a velocidade dos negócios crescendo, você demanda de mais profissionais. Estamos tentando atacar com formação de mão de obra, essa é a solução. Ano passado tinham 1,3 mil vagas que não conseguimos preencher. O Softex trabalha com a formação de pelo menos 1 mil profissionais em programação em 2021. Os cursos de graduação são de longa duração, por isso nós falamos de cursos de curta duração”, destacou.

No Porto Digital, o principal desafio do parque tecnológico será o da formação de pessoas, para suprir a necessidade, além de acelerar as obras de revitalização do Bairro do Recife. Segundo o presidente do Porto, Pierre Lucena, essas ações dependem do auxílio da Prefeitura do Recife (PCR).

“Temos três grandes metas este ano, acelerar o processo de formação com auxílio da PCR e também para dar aceleração a revitalização do bairro do Recife, dando vida ao centro da cidade. Outra meta é que esperamos montar um programa de empreendedorismo de alto nível, mas somente de forma presencial e quando a pandemia passar”, revelou.

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