Transição de carreira

Transição de carreira: mercado de tecnologia atrai profissionais de diversas áreas

Até 2025, o setor deve gerar 797 mil vagas de emprego, de acordo com levantamento da Brasscom

Transição de carreira: mercado de tecnologia atrai profissionais de diversas áreas Transição de carreira: mercado de tecnologia atrai profissionais de diversas áreas  - Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

Com diversas áreas de atuação, remunerações altas e em constante expansão, o mercado de tecnologia tem atraído profissionais de diversos setores da economia que buscam mudar de carreira. A partir da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) surgem novas oportunidades de se posicionar no mercado de trabalho.
 
Até 2025, o setor deve gerar 797 mil vagas de emprego, de acordo com levantamento da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom).  

Segundo o diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Brasscom, Sergio Sgobbi, a média é de 150 mil empregos gerados por ano no Brasil pela área tech. A remuneração dos profissionais é 2,9 vezes maior do que a média de trabalhadores de outros setores.  

No campo da tecnologia é possível atuar em diversas áreas como design, programação (desenvolvedor de software), gestão e inovação de projeto, gestão de RH desses ramos, entre outras frentes.
 
Receber mais recursos financeiros e melhorar de vida são alguns dos fatores que impulsionam a transição para a carreira em TI. A decisão pode ser um desafio, sendo importante uma qualificação profissional adequada.  

A superintendente de Formação do Porto Digital, Marcela Valença, pontuou que o setor é a segunda maior economia do Recife, atrás apenas da área de saúde.

“A gente tem uma busca constante dessa área porque as pessoas ou estão insatisfeitas com seus trabalhos, ou já estão percebendo que sem a tecnologia não conseguem ascender ou se manter no trabalho”.  

Superintendente de Formação do Porto Digital, Marcela Valença. Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco.


Déficit  
O Brasil enfrenta um déficit de mão de obra qualificada na área de Tecnologia da Informação (TI). Em maio de 2023, o Google For Startups, em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), divulgou que o País terá um déficit de 530 mil profissionais da área até 2025

O estudo demonstra, ainda, que 53 mil profissionais serão formados anualmente entre 2021 e 2025, o que não supre a demanda do mercado que chega a quase 800 mil vagas.  

“Existe um déficit entre a demanda do mercado e a quantidade de pessoas formadas, mas isso se coloca muito mais voltado para a área de desenvolvimento de software. Nós temos menos desenvolvedores de softwares sendo formados do que o mercado necessita”, salientou Marcela.  

Desde 2019, o Porto Digital desenvolve o programa Residência Profissional Tecnológica em parceria com seis instituições de ensino superior com o objetivo de formar desenvolvedores de software.

“O programa funciona como uma residência da medicina, basicamente, mas acontece desde o primeiro período. Nós modificamos a matriz curricular dos cursos superiores dessas instituições parceiras do Porto Digital. Uma das disciplinas durante o semestre  é a residência profissional que acontece aqui no laboratório do Porto Digital”, reiterou a superintendente.  

Recomeços  
Incentivada pelo irmão, Laura Santana, 24, resolveu encarar o desafio de embarcar na área de tecnologia. Formada em estética e cosméticos, atuou por quase dois anos na área em uma clínica de depilação a laser, porém estava insatisfeita com o local de trabalho. A partir disso, procurou, na área de tecnologia, um novo começo.  

Em agosto de 2022, ingressou na faculdade de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e no início do ano passado realizou uma capacitação de dois meses pelo Enext (empresa de e-commerce e marketing digital) voltada para a área de CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente) Tech.  

Com as habilidades adquiridas no processo, conquistou um emprego como analista CRM Tech em uma agência de marketing digital, e já atua há um ano no local. Entre as atribuições da profissional estão: disparos de e-mail marketing, WhatsApp, jornadas personalizadas e manejo de dados.

“A gente não faz só a parte de e-mail, HTML, SMS, WhatsApp, antes disso temos que segmentar o público, então acabo trabalhando com a parte de pesquisa em banco de dados, que é o SQL Query. Também faço extração de e-mail”, acrescentou.   

Incentivada pelo irmão, Laura Santana, 24, resolveu encarar o desafio de embarcar na área de tecnologia. Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco.


Durante a trajetória no mundo tech, Laura também teve afinidade com outras áreas como Front End e banco de dados. Além de conhecer novos âmbitos do mercado de tecnologia, a expectativa de Laura é crescer na área que atua.

“Eu tenho expectativas boas de continuar nessa área de CRM Tech. Eu estou completando um ano de experiência, sei que é pouco, mas eu já estou pronta para mais responsabilidades”, ressaltou.


 
Zandra Vieitez, 45, trabalhou mais de 20 anos na área de administração. Após passar por experiências difíceis no seu último emprego que afetaram a sua saúde mental, ela resolveu mudar o rumo da sua história e partir para o mercado de tecnologia.

Em busca de  qualidade de vida, decidiu fazer um curso voltado para a área tech desenvolvido por um dos clientes da empresa em que trabalhava. Ela participou da formação entre outubro de 2022 e julho de 2023.  

“Não é nada fácil você voltar [a estudar] depois de anos. Eu não me considero uma pessoa velha, mas não é a mesma cabeça de uma pessoa de 17, 18 anos que consegue pegar as coisas muito rápido. Eu vi aquilo e pensei que não ia conseguir, mas nunca pensei em desistir”, disse.

Com a proximidade do término do curso, Zandra ingressou na faculdade de Análise de Desenvolvimento de Sistemas, em maio de 2023. Ela já estava em busca de oportunidades na área e aplicava para as vagas, mas sempre recebendo negativas.  

Em novembro de 2023, a Avanade, empresa que presta serviços de consultoria e nuvem, IA e soluções sustentáveis, abriu vagas para um Bootcamp. Zandra participou do projeto e se candidatou a uma vaga de estágio, sendo selecionada. Ela começou a trabalhar na empresa em abril deste ano.

“Finalizei o bootcamp, entreguei, participei da entrevista para estágio e em fevereiro eu recebi o meu primeiro sim. Eu fiquei sem acreditar”, disse. 

Zandra ingressou na faculdade de Análise de Desenvolvimento de Sistemas, em maio de 2023. Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco.

No local, atua na área de Experience, que engloba UX/UI Design e desenvolvimento mobile e estuda a linguagem Flutter (para desenvolvimento mobile) e Figma para fazer protótipos para UX/UI Design. 

“A princípio, como tudo que é novo, eu tive muito medo, mas a gente encara o medo e vai. A Avanade é uma empresa de consultoria, que trabalha com vários clientes. Dependendo do cliente, você vai precisar aprender linguagens e ferramentas novas. Você está sempre estudando”, pontuou.  

Em 31 de agosto, Zandra participa, na segunda edição do projeto Tech Woman, de uma roda de conversa sobre transição de carreira. O evento será realizado no Bairro do Recife e visa oferecer palestras e conexões voltadas ao mercado de trabalho tech exclusivamente para mulheres cis ou trans.  

Formação  
Para capacitar e colocar mais profissionais no mercado, o Softex Pernambuco - associação privada sem fins lucrativos de empresas de Tecnologia da Informação (TI) - promove o Curso de Formação Acelerada em Programação (FAP), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
  
O objetivo é formar um total de 1.500 desenvolvedores em programação Front End e Back End, combinando conhecimentos teóricos e práticos. A formação tem duração de seis meses.  

Os estudantes aprendem Lógica de Programação com JavaScript, JavaScript e Orientação a Objetos; Padrões de Desenvolvimento de Software; Instrução a WebService, Noções de Banco de Dados, entre outras disciplinas.
 
De acordo com o presidente do Softex Pernambuco, Yves Nogueira, a formação foi uma das alternativas que a associação encontrou para estimular a migração de carreira. O candidato não precisa ter formação na área de ciência da computação, desenvolvimento de sistemas ou sistema de informação para participar.  

“O candidato a uma vaga no edital aberto pode vir de qualquer área. No final da formação é necessário que o estudante tenha concluído o ensino médio, ou esteja concluindo o último ano do ensino médio e seja maior de 18 anos. Não tem limite de idade”, destacou.  

 Presidente do Softex Pernambuco, Yves Nogueira. Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco.


Com mais de 420 empresas associadas, o Softex PE promove a integração entre os estudantes e o mercado que necessita de mão de obra capacitada.

“A gente definiu a grade curricular adequada a demanda do mercado contratante a partir de uma escuta ativa com os empresários associados. Com isso, aumentamos a taxa de empregabilidade desses profissionais que estão sendo formados”, reiterou. 

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