Transporte marítimo encontra "novo normal", diz gigante da logística global
Após explodir em meio à pandemia, preço do frete marítimo retornou aos níveis de antes da Covid-19
O custo do frete marítimo no comércio internacional finalmente caiu para mais perto dos níveis registrados na virada de 2019 para 2020, antes de a Covid-19 se abater sobre o mundo, mas o “novo normal” do vaivém de produtos e insumos que marca a globalização das cadeias de produção da indústria não deverá mais passar pelo fluxo constante da Ásia para o Ocidente.
A avaliação é Karin Schönner, presidente para a Costa Leste da América do Sul da Maersk, uma das gigantes do transporte global que viram suas receitas saltar com a alta nos preços de frete.
No lugar do fluxo constante de insumos da Ásia para resto do mundo, os grandes fabricantes globais agora buscam flexibilidade de rotas e estocagem, para dar segurança ao fornecimento, disse Karin ao GLOBO, ao comentar o lançamento do Maersk Brasil Trade Report, estudo trimestral sobre comércio exterior lançado pela companhia.
Alívio nos preços
Neste mês, o custo médio mensal do frete de importação entre a Ásia e o Brasil está em US$ 1.625 por contêiner de 40 pés – um dos padrões internacionais das “caixas” de aço usadas no transporte marítimo –, segundo dados da consultoria Solve Shipping. Em agosto, o valor foi de US$ 2.400, mais perto do nível da virada de 2019 para 2020. No auge dos desequilíbrios causados pela pandemia, o frete chegou a custar na casa de US$ 12.000, no fim de 2021.
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Milimetricamente encadeado, o transporte marítimo global foi uma das atividades mais afetadas pela Covid-19, primeiramente, pelas restrições ao contato pessoal e, nos meses seguintes, pelos desequilíbrios econômicos provocados pela pandemia.
Turbinada por estímulos oferecidos pelos governos e por uma mudança no padrão de consumo – presas em casa, as famílias gastaram mais com produtos do que com serviços –, a demanda retomou mais rapidamente do que a oferta poderia dar conta. O resultado foram custos elevados e falta de produtos, como no caso da escassez de microchips para a indústria automotiva.
Novos gargalos
Se a maior parte desses problemas ficou para trás, para Karin, a normalização veio com novos gargalos. Ela também é marcada pelos primeiros movimentos do que economistas têm chamado de “nearshoring” ou “friendshoring”. Ressabiadas com a dependência da China e seus vizinhos na Ásia como fornecedores de insumos da indústria, os grandes fabricantes globais têm pedido “flexibilidade” por parte dos transportadores.
– Qual o novo gargalo para os clientes? As fábricas não comportam mais partes e peças. Eles pedem ajuda na logística de armazenagem de curto prazo. Eles não querem pagar um armazém, querem algo mais simples, onde possam colocar uma carga e, à medida que a fábrica vai produzindo, eles puxam – afirmou Karin.