Tribunal russo impõe ao Google multa maior que todo dinheiro do planeta após restrição no YouTube
Porta-voz do Kremlin admite não conseguir pronunciar valor, mas observa 'simbolismo' na ação: 'Pode se tornar um motivo para prestar atenção e remediar situação'
Um tribunal russo multou o Google em um valor exorbitante por restringir canais da imprensa estatal no YouTube. São dois undecilhões de rublos, um número de 36 dígitos, informou a agência de notícias russa TASS. Em dólares, seriam US$ 20.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000. Um valor difícil de pronunciar até pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
— Embora seja uma quantia específica, não consigo nem pronunciar esse número, mas, na verdade, ele está cheio de simbolismo — afirmou aos repórteres nesta quinta-feira, informou a TASS.
Segundo a rede BBC News, a multa ultrapassa não apenas o valor da empresa americana (US$ 2 trilhões), mas o PIB do planeta, estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em US$ 110 trilhões. O valor ficará cada vez maior, já que dobra a cada dia que não é paga.
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O Google restringiu os conteúdos de 17 canais de imprensa russos no Youtube. A tensão entre a empresa americana e as autoridades russas começou ainda em 2020, mas se intensificou após o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Peskov explicou que a empresa não deve restringir a veiculação de canais de TV russos na plataforma de vídeos, e que as demandas "simplesmente ilustram a essência das reivindicações de nossos canais contra o Google".
— Isso pode se tornar um motivo para a administração do Google prestar atenção ao que está acontecendo e remediar a situação. Essa é a melhor coisa que a empresa pode fazer — disse.
A medida está longe de ser novidade: em 2021, o agente regulador de imprensa russo, o Roskomnadzor, acusou o Google de apoiar "atividades de protestos ilegais" e de restringir o acesso no Youtube a veículos de comunicação russos, incluindo a agência Sputnik. Em maio de 2022, quando a guerra já tinha eclodido no Leste Europeu, a Rússia voltou a aplicar multas à empresa americana, dessa vez, por não restringir o que classificou como material "proibido" sobre o conflito com a Ucrânia e outros conteúdos.