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Trump fez acordo com Vietnã, um dos países mais taxados. Ações de Nike e outras marcas dispararam

Papeis de empresas com fábrica no país do Sudeste Asiático deixam perdas para trás. Camboja e Indonésia também recuam em tarifas sobre os EUA

Vietnã havia solicitado ao governo Trump a suspensão por até três meses da tarifa planejada de 46% sobre produtos vietnamitas, a fim de viabilizar negociaçõesVietnã havia solicitado ao governo Trump a suspensão por até três meses da tarifa planejada de 46% sobre produtos vietnamitas, a fim de viabilizar negociações - Foto: Saul Loeb/AFP

O presidente americano Donald Trump afirmou que o líder vietnamita To Lam está disposto a eliminar tarifas para evitar novas sanções tarifárias dos Estados Unidos em sua sobre as importações provenientes do país do Sudeste Asiático.

Lam “me disse que o Vietnã quer reduzir suas tarifas para ZERO se conseguir chegar a um acordo com os EUA”, escreveu Trump em sua rede social Truth Social, descrevendo uma ligação telefônica entre os líderes na manhã desta sexta-feira.

Anteriormente, o Vietnã havia solicitado ao governo Trump a suspensão por até três meses da tarifa planejada de 46% sobre produtos vietnamitas, a fim de viabilizar negociações.

As “tarifas recíprocas” anunciadas por Trump na quarta-feira impõem algumas das taxas mais elevadas a países do Sudeste Asiático, que haviam se tornado alternativas importantes à China em termos de manufatura e exportação.

Ações de marcas com fábricas no Vietnã saltam

Com isso, os papeis de companhias que têm grande operação de produção no Vietnã, incluindo a Nike e a Lululemon, saltaram após a fala de Trump sobre a negociação com a liderança do país asiático.

As ações da Nike deixaram para trás a queda registrada mais cedo para registrar alta de até 5,9%, enquanto a On — patrocinadora do tenista brasileiro João Fonseca — e a Scechers subiram mais de 6% cada.

Camboja e Indonésia recuam
O Camboja, que enfrenta uma tarifa de 49% dos EUA, afirmou também nesta sexta-feira que reduzirá suas próprias tarifas sobre produtos americanos, enquanto a Indonésia prometeu flexibilizar suas regras comerciais.

O Vietnã continuará a intensificar as compras de produtos dos EUA, disse o vice-primeiro-ministro Ho Duc Phoc após se reunir com autoridades e empresários para discutir como lidar com as questões tarifárias, segundo comunicado publicado no site do governo.

As empresas exportadoras do país foram orientadas a manter os preços atuais enquanto aguardam novas negociações, segundo o comunicado.

Altos funcionários do governo, incluindo representantes do banco central, reiteraram que o Vietnã continuará em diálogo com os EUA, considerando a remoção de barreiras comerciais e possíveis ajustes tributários sobre determinados produtos, conforme o comunicado.

O Vietnã também pretende aumentar as importações de tecnologia e produtos de alta tecnologia dos EUA, e permanece comprometido com a gestão das taxas de câmbio, juros e políticas de crédito de forma a apoiar a produção e as atividades empresariais.

Pedido de alívio após anúncio de tarifas

O ministério do comércio enviou uma nota diplomática imediatamente após o anúncio de Trump sobre uma tarifa mínima de 10% sobre todas as exportações para os EUA e taxas adicionais sobre cerca de 60 países, solicitando uma suspensão temporária, de acordo com outro comunicado do governo.

O Vietnã foi um dos países mais afetados pelas tarifas “recíprocas”.

O ministério busca uma ligação entre o ministro da Indústria e Comércio, Nguyen Hong Dien, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, “o mais rápido possível”, informou o comunicado.

As ações vietnamitas caíram para o nível mais baixo desde meados de novembro, à medida que a tarifa continuava abalando os investidores, estendendo a liquidação do mercado para o segundo dia consecutivo.

O índice VN caiu até 5,8% na sexta-feira, antes de fechar em baixa de 1,6%.

Pressão para reduzir taxação de frutos do mar
Um texto para acalmar os vietnamitas preocupados, escrito por Nguyen Si Dung, ex-vice-chefe da administração da Assembleia Nacional, foi publicado no site do governo.

“O Vietnã vai superar este período desafiador com a mentalidade de uma nação e de uma economia cada vez mais madura, resiliente e responsável”, escreveu Dung.

Grupos comerciais e empresas estão em alerta. A associação da indústria de frutos do mar do Vietnã, conhecida como Vasep, pediu ao governo que considere reduzir os impostos de importação sobre frutos do mar dos EUA de 3–10% para 0%, segundo o site de notícias VnExpress.

O Vietnã planejava enviar outra delegação aos EUA neste fim de semana, liderada pelo vice-primeiro-ministro Phoc.

Ele deve realizar reuniões em Nova York antes de seguir para Washington.

O primeiro-ministro Pham Minh Chinh, que na quinta-feira afirmou que a tarifa “não condiz com o bom relacionamento entre os dois países”, ordenou a criação de uma força-tarefa para fornecer uma resposta rápida.

Maior mercado para exportações vietnamitas
O novo imposto dos EUA, maior mercado de exportação do Vietnã, pode prejudicar significativamente a ambiciosa meta do país de impulsionar o crescimento para pelo menos 8% neste ano. Chinh afirmou que a meta de crescimento permanece inalterada por enquanto.

“O Vietnã lamenta a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas recíprocas sobre as exportações vietnamitas para os EUA”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Pham Thu Hang, em comunicado em resposta a perguntas da Bloomberg.

“Haverá diálogo e negociações contínuas”, disse Adam Sitkoff, diretor executivo da Câmara Americana de Comércio em Hanói, durante um evento na quinta-feira. Se os países “conseguirem encontrar uma forma de chegar a um acordo com o presidente Trump, então acredito que veremos mudanças”, acrescentou.

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