Twitter vai à Justiça contra organização que monitora discursos de ódio na internet
ONG apontou que plataforma não agiu para coibir contas verificadas que 'tuitavam ódio'
No último ano, Elon Musk já ameaçou com ações legais concorrentes de tecnologia, funcionários e pessoas que usam o Twitter, plataforma de mídia social da qual é proprietário e que recentemente foi rebatizada de X.com. Agora, o alvo é a Center for Countering Digital Hate (Centro de Combate ao Ódio Digital, em português), uma organização sem fins lucrativos que monitora o discurso de ódio e a desinformação na internet.
Na segunda-feira (31), a X Corp, empresa controladora da plataforma de mídia social, abriu um processo no Tribunal Federal de São Francisco, no qual alega que a ONG está ilegalmente "varrendo" seus servidores e selecionando postagens questionáveis como parte de "uma campanha de intimidação para afastar anunciantes".
Na ação, a X Corp. está buscando danos monetários não especificados e uma liminar que impeça o centro de acessar seus dados.
Os anunciantes fugiram da plataforma desde que Musk a comprou por US$ 44 bilhões no ano passado e começou a fazer mudanças, incluindo a reintegração de usuários anteriormente banidos, a demissão de moderadores de conteúdo, a remoção de regras sobre o que pode ou não ser dito no serviço e mais anúncios com jogos de azar on-line e produtos à base de maconha.
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Carta com ameaça
No dia 20 de julho, a empresa de Musk enviou uma carta acusando a ONG de fazer "uma série de afirmações preocupantes e sem fundamento que parecem calculadas para prejudicar o Twitter em geral e seu negócio de publicidade digital especificamente" e ameaçando processá-la.
A carta citava uma pesquisa publicada pelo Center for Countering Digital Hate em junho, examinando o discurso de ódio no Twitter, que foi rebatizada de X.com por Musk. A pesquisa consistia em oito artigos, incluindo um que constatava que a plataforma de mídia social não havia tomado nenhuma medida contra 99% das 100 contas do Twitter Blue que o centro denunciou por "tuitarem ódio".
A X.corp chamou a pesquisa de "falsa, enganosa ou ambas" e disse que a organização havia usado uma metodologia inadequada. E acrescentou que o centro foi financiado pelos concorrentes do Twitter ou por governos estrangeiros "em apoio a uma agenda oculta".
"O público tem o direito de saber se e como a liderança de @ElonMusk levou a mais discursos de ódio no Twitter", tuitou a organização sem fins lucrativos na segunda-feira, depois que a X Corp. ameaçou processá-la.
"Ao nos ameaçar, Musk está tentando esconder a verdade sobre seus próprios fracassos. As plataformas devem ser responsabilizadas por espalhar ódio e mentiras", acrescentou o grupo.
O centro também disse que "não aceitou nenhum financiamento de empresas de tecnologia, governos ou suas afiliadas".
- As ações de Elon Musk representam uma tentativa descarada de silenciar críticas honestas e pesquisas independentes - afirmou Imran Ahmed, CEO do Center for Countering Digital Hate, que acrescentou que Musk queria "conter a maré de histórias negativas e reconstruir seu relacionamento com os anunciantes".
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Em uma postagem na noite de segunda-feira, a X confirmou que havia entrado com um processo contra a ONG por "trabalhar ativamente para impedir a liberdade de expressão".
O negócio de publicidade do Twitter tem enfrentado dificuldades sob o controle de Musk, que comprou a empresa no ano passado. A receita de anúncios nos EUA nas cinco semanas entre 1º de abril e a primeira semana de maio foi de US$ 88 milhões, uma queda de 59% em relação ao ano anterior.
Outros processos
A carta foi pelo menos a terceira ameaça ou ação legal da X Corp. nos últimos dois meses. Em maio, a empresa enviou uma carta a Satya Nadella, CEO da Microsoft, acusando a gigante da tecnologia de usar indevidamente seus dados. Este mês, também enviou uma carta à Meta, proprietária do Facebook e do Instagram, dizendo que havia copiado os segredos comerciais do Twitter ao criar o Threads, um novo aplicativo social.
A X também processou a Wachtell, Lipton, Rosen & Katz, um importante escritório de advocacia corporativa, neste mês, sobre o que ela disse serem pagamentos injustos relacionados à aquisição do Twitter por Musk por US$ 44 bilhões.