Uruguai assume presidência do Mercosul em plena pandemia
Próximos movimentos do bloco devem marcar ações coletivas para fortalecer novos mercados durante crise
O Uruguai recebe nesta quinta-feira (2) do Paraguai a presidência pro tempore do Mercosul, em meio à pandemia de COVID-19 que está em plena expansão na América Latina e causa estragos nas economias.
Os presidentes da Argentina, Alberto Fernández; do Brasil, Jair Bolsonaro; do Paraguai, Mario Abdo; e do Uruguai, Luis Lacalle Pou, pretendem deixar de lado suas diferenças políticas e se concentrar no fortalecimento de novos mercados para suas exportações, principalmente agrícolas.
Devido à pandemia, pela primeira vez a reunião não é presencial e ocorre por teleconferência.
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A flexibilização do Mercosul, que não permite que seus membros façam acordos comerciais sem o consentimento de seus parceiros, é uma questão central na agenda que o Uruguai promoverá no bloco como novo chefe da presidência pro tempore até dezembro.
"Seria um erro que nossas diferenças prevaleçam", enfatizou na quarta-feira, na reunião de ministros das Relações Exteriores, o uruguaio Ernesto Talvi, que propôs projetar mecanismos de velocidade diferenciada como um formato no futuro, superando ideologias.
Talvi, no entanto, apresentou sua renúncia na mesma quarta-feira e não será o portador das propostas do Uruguai na presidência do Mercosul.
A Argentina reluta em abrir o comércio a países que são potências exportadoras e sustenta que tem como principal prioridade a solução do problema de sua grande dívida externa.
- Novos mercados -
Os líderes devem revisar a situação do acordo de livre comércio alcançado no ano passado com a União Europeia (UE) e com os países do Efta (Acordo Europeu de Livre Comércio). Esses tratados estão pendentes de ratificação pelos parlamentos de cada um dos países.
O presidente paraguaio, anfitrião da reunião, anunciou que pedirá aos parceiros do Mercosul "que intensifiquem a diplomacia econômica para aumentar e diversificar as exportações".
Seu chanceler, Antonio Rivas, também pediu um reflexão periódica sobre a eficácia das instituições do bloco, "suprimindo-as se elas não tiverem capacidade para servir o processo".
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Fernando Araújo, disse que seu governo "quer uma proposta de negociações o mais breve possível com a América Central e o Caribe e fechar (os acordos) com a Aliança do Pacífico".
Também afirmou que o Brasil quer acordar com o Canadá, Coreia do Sul, Singapura e Líbano, além de explorar pactos com a Indonésia e o Vietnã.
Antes do final da reunião, os presidentes considerarão a aprovação de cerca de 50 regras de natureza comercial e tarifária, incluindo uma redução de impostos em resposta à pandemia
Presidentes de países associados ao Mercosul, como Sebastián Piñera, do Chile, Jeanine Añez, da Bolívia, e Iván Duque, da Colômbia participam da reunião, bem como o espanhol Josep Borrell, alto representante de Política Externa da União Europeia.