Pernambuco

Uvas de Petrolina estão na mira da China

Alimento que chegou à cidade na década de 1960 já é um dos produtos mais exportados de Pernambuco

 Valor Bruto da Produção de Uva em Pernambuco está estimado em R$ 1,9 bilhão para 2023 e Petrolina é protagonista Valor Bruto da Produção de Uva em Pernambuco está estimado em R$ 1,9 bilhão para 2023 e Petrolina é protagonista - Foto| divulgação

Na primeira semana de maio, uma fazenda de uvas do município de Petrolina, a 713 quilômetros do Recife, receberá uma visita virtual da equipe do Ministério de Agricultura da China. A vistoria não quer dizer que as frutas produzidas nesta cidade sertaneja desde 1960 serão exportadas de imediato para o maior País dos Tigres Asiáticos. “Mas é um passo importante”, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho. De acordo com ele, em 2022, o Vale do São Francisco exportou US$ 108 milhões da fruta para outros países, especialmente para a União Europeia, o que representa a movimentação de mais de R$ 531,6 milhões em valores atualizados. 

A exportação de uvas frescas e produtos derivados do Vale do São Francisco, especialmente de Petrolina, tem estimativa de crescimento de 5% em 2023, de acordo com dados da Abrafrutas. No ano passado, houve uma queda de US$ 47 milhões ou R$ 231,24 milhões na venda do produto para fora do País por conta das fortes chuvas que castigaram a região sertaneja. Mas Pernambuco é um destaque nacional na produção da fruta, ficando em segundo lugar do Brasil, e tal posição gera um desafio a mais para os produtores locais. 

Segundo Guilherme Coelho, a União Europeia recebe 60% das uvas pernambucanas, especialmente Roterdã, a cidade mais importante dos Países Baixos. Os Estados Unidos ficam em segundo lugar, importando 17% do produto sertanejo, enquanto a Inglaterra ocupa o 3º lugar no quesito importação desse alimento (15%).

O olhar da China sobre a produção de uvas frescas na cidade sertaneja é visto como um avanço, segundo Guilherme Coelho. Foto| Divulgação

Em 2022, Petrolina teve uma tímida exportação de sumos de fruta e mostos de uvas (produto obtido pelo esmagamento ou prensagem da uva fresca) para a Ásia e Oriente Médio. Mas o olhar da China sobre a produção de uvas frescas na cidade é aguardado com ansiedade. As videiras de Petrolina são irrigadas pelas águas do São Francisco e produzem frutas de excelente qualidade, mesmo em solo arenoso e seco. 

“A fazenda, cujo nome está sendo mantido em reserva, foi escolhida porque tem certificado internacional, governança ambiental e social e se enquadra no perfil que os chineses querem para importar nossas uvas. Esse avanço é enorme”, destacou Guilherme, que recentemente visitou o país chinês com a comitiva do Governo Federal, ao lado de nomes como o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

As uvas exportadas por Pernambuco podem passar de 12 a 16 dias num contêiner, em um navio, para chegar a Roterdã, mas o tempo pode variar para outros lugares. Elas são enviadas a outros países numa temperatura de 0 grau centígrado para se manterem preservadas, de acordo com Guilherme Coelho. No Sertão, ainda, a atividade tem forte presença das mulheres, que fazem o embalamento das encomendas. Em média, são gerados quatro empregos por hectare de plantação. Somente Petrolina, a agricultura gera mais de 24 mil empregos formais. 

*PERSPECTIVAS*
Além da Abrafruta, o Ministério da Agricultura ainda tem uma previsão mais positiva para a uva Pernambucana. O Valor Bruto da Produção de Uva em Pernambuco está estimado em R$ 1,9 bilhão para 2023, 1,2% maior que o do ano passado. O resultado é o melhor alcançado pelo Estado desde 2020 - quando o País sofreu maior  impacto da pandemia do coronavírus. Este também é o melhor faturamento projetado para o Brasil e para o Nordeste. Para se ter uma ideia, o desempenho é maior do que o do Rio Grande do Sul, conhecido por ser o maior produtor nacional de uvas. 

O VBP da agropecuária é calculado com base nas informações das safras de fevereiro, divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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