Vai viajar de carro nas férias? Guia mostra como economizar até 25% na gasolina
Quem vai pegar a estrada no recesso de julho pode reduzir o consumo de combustível com medidas simples. Veja o que especialistas ouvidos pelo Globo recomendam
Cada centavo faz a diferença para o motorista hoje em dia, com a escalada sem fim dos preços dos combustíveis. Os últimos reajustes nas refinarias da Petrobras, no mês passado, foram de 5,18% no preço da gasolina e de 14,25% no do diesel.
O governo articulou no Congresso um corte do ICMS sobre combustíveis, que já reduziu preços nas bombas em alguns estados, mas encher o tanque continua doendo no bolso de quem quer pegar a estrada com a família neste mês de férias. E economistas alertam que, se o petróleo e o dólar continuarem em alta, a desoneração pode ter o efeito anulado por novos reajustes.
No entanto, entanto, com pequenas ações antes e durante as viagens podem reduzir o consumo de gasolina dos veículos em até 25%, dando algum alívio ao motorista na hora de abastecer. O GLOBO ouviu dois profissionais especializados na mecânica dos automóveis para preparar um guia de economia ao volante em cinco passos.
Antes de tudo, é preciso lembrar que cada veículo tem parâmetros de consumo diferentes quando estão no tráfego pesado das cidades ou em uma rodovia, onde podem alcançar o que os técnicos chamam de “velocidade de cruzeiro”, emprestando o termo da aviação.
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Esses detalhes sobre o padrão de consumo dependem do que é projetado para cada modelo pelas montadoras, explica o técnico de Educação Profissional do Senai, Adilson Dantas:
— Se o condutor não consegue manter a média indicada (pela montadora), é preciso avaliar o combustível e a forma de condução, que são fundamentais para que o gasto fique dentro do estabelecido pelo fabricante.
Ar-condicionado: aliado e vilão
Entre as boas práticas para gastar menos gasolina, algumas já são velhas conhecidas dos condutores, mas podem fazer a diferença. É o caso do uso do ar-condicionado, um dos principais vilões do consumo de combustível.
Manter o aparelho desligado pode fazer o motorista poupar até 25%, segundo o engenheiro Mecânico e de Automóveis Marcio D'Agosto, professor de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ. No inverno, não chega a ser um grande sacrifício.
— O ar-condicionado precisa de muita energia para acionar o compressor para que a refrigeração funcione de maneira satisfatória — explica o professor.
Dantas observa que essa lógica vale principalmente para a cidade, onde o trânsito é mais intenso e inconstante, com mais paradas. Em rodovias, afirma, é possível usar o ar-condicionado com menor gasto de combustível, principalmente se a viagem envolver longa distância:
— Nas estradas, quando o motorista está com uma velocidade mais estável, o ar condicionado vale a pena, porque o gasto se dilui no consumo geral.
D’Agosto concorda e acrescenta: nas estradas ou vias expressas, onde a velocidade mais alta é permitida, é menos vantajoso dirigir com as janelas abertas:
— Com os vidros fechados, a resistência aerodinâmica é reduzida, e a economia de combustível pode chegar a 10%.
Pé leve? Depende
Outra estratégia que faz parte da rotina de muitos motoristas é a redução da velocidade média. Muitos caminhoneiros adotam a prática, ainda que isso torne as viagens mais longas.
Para os especialistas, no entanto, a condução mais lenta não necessariamente faz o veículo poupar combustível. O que interfere é se a velocidade é estável num determinado trecho, evitando acelerações e frenagens bruscas.
— O motorista precisa manter a rotação do motor na faixa de 2 mil RPM (rotações por minuto), trocando a marcha de maneira correta para ficar nesse nível. Isso também vale para veículos pesados, mas no caso do ônibus e caminhões, é preciso olhar o que o fabricante indica — diz o professor da UFRJ.
Veículos automáticos, lembra, são em tese programados para cumprir a lógica de menor consumo, mas é preciso prestar atenção se o carro foi bem regulado e avaliar nas manutenções. No caso dos carros convencionais, cabe ao motorista a boa condução. Segundo o especialista,a direção eficiente pode resultar numa economia de 5% a 20%.
— A curva de consumo de combustível tem um ponto onde o consumo é mínimo, que é justamente a rotação que precisa ser mantida para que esse consumo mínimo aconteça. Se você acelera o motor, ele dispara as rotações. O que a marcha faz é justamente controlar a rotação em função da velocidade que você está trafegando.
‘Banguela’ ladeira abaixo? Nada disso
Nas descidas, conduzir o veículo em ponto morto, prática conhecida como “banguela”, além de perigoso para o caso de ser preciso frear, não traz economia.
Os especialistas apontam que isso pode provocar desgaste excessivo no sistema de freio, principalmente em veículos mais pesados, o que pode gerar inclusive custos adicionais. O certo é descer com o veículo engrenado.
D'Agosto lembra que a manutenção em dia é essencial. Filtros de ar e combustível devem ser limpos com frequência e velas precisam ser trocadas, seguindo as recomendações do fabricante, e os pneus devem ser mantidos na calibragem recomendada. Tudo para melhorar a performance do veículo.
Carregar só o necessário
Além disso, peso excessivo deve ser retirado do porta-malas: a carga desnecessária sobrecarrega o veículo, que precisa de mais força para acelerar, e, por isso, consumir mais combustível. Pense bem no que levar durante a viagem e fique só com o que realmente será necessário.
Já o peso do tanque, é relativo. Há quem diga que é mais econômico abastecer pouco a pouco ao longo da viagem para reduzir o peso do carro. Para D'Agosto, abastecer menos para trafegar com o carro mais leve não traz muita economia, principalmente se o motorista eventualmente calcular mal o consumo e ficar sem combustível.
As paradas nos postos também vão afetar a performance geral, reduzindo o período em “velocidade de cruzeiro”. Dantas avalia que o abastecimento deve acompanhar o consumo:
— O tanque precisa estar na medida da sua necessidade. Ficar com o tanque cheio e não usar é carregar peso desnecessário, mas trafegar com pouco combustível também é perigoso e pode comprometer o desempenho do veículo.
Para ambos os especialistas, o motorista precisa, sobretudo, abastecer em postos confiáveis, para evitar combustíveis adulterados ou de má qualidade, o que pode comprometer a mecânica do veículo. Aí o peso no bolso pode ficar muito maior. É preciso ficar de olho no consumo do carro:
— Basta anotar a quilometragem feita e o volume de combustível. Quanto maior a taxa de km por litro, melhor — diz o professor da UFRJ.
Resumo das dicas:
Constância e fluidez
A condução em velocidade baixa não necessariamente aumenta a economia de combustível. Os especialistas explicam que, na verdade, o que importa é a constância, sem que o condutor fique acelerando ou freando bruscamente, o que aumenta o consumo de combustível.
Marcha na hora certa
Alinhada a evitar o freio ou aceleração repentina, troque a marcha na hora certa, para que a rotação no motor se mantenha na faixa de 2 mil RPM (rotações por minuto), quando o consumo de combustível é reduzido. No caso de veículos pesados, como ônibus e caminhões, é preciso checar quais são as determinações da montadora, que sinaliza os limites no painel.
Manutenção em dia
É importante seguir as orientações do manual do fabricante, respeitando os prazos para troca de componentes, como velas e filtros de ar e de óleo.
Pneus calibrados
Os pneus também devem receber atenção. Normalmente, o fabricante determina na parte interna da tampa de abastecimento qual a calibragem indicada se o carro estiver apenas com o motorista ou com a capacidade total de passageiros. Calibre com frequência: pneus murchos geram mais área de atrito do carro com a pista, além de se deformarem mais, gastando mais energia.
Peso extra
Pare de usar o porta-malas como um "estoque" de coisas que podem ser usadas em situações esporádicas: peso em excesso e desnecessário faz o carro precisar de mais força para acelerar, e, por isso, consumir mais combustível.
Ar-condicionado desligado
Trafegar com o ar desligado quando estiver rodando dentro da cidade é uma estratégia valiosa. Isso porque o aparelho puxa mais energia do motor para acionar o compressor para que a refrigeração aconteça. Se estiver trafegando em estradas, com uma velocidade mais alta e constante, o impacto é menor.
Janelas abertas ou fechadas?
Em estradas ou vias expressas, onde o motorista pode trafegar em velocidades mais altas, o indicado é que as janelas sejam mantidas fechadas. Isso porque o vidro aberto aumenta a resistência aerodinâmica do veículo, que passa a gastar mais energia.