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"Vamos trabalhar com o novo governo da melhor maneira possível", diz presidente do Banco Central

Presidente do BC avalia que país está dividido e que é preciso fazer a economia crescer, manter o combate à inflação e priorizar a agenda da digitalização

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em conferência do Santander em MadriPresidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em conferência do Santander em Madri - Foto: Divulgação

O Banco Central está disposto a trabalhar com o próximo governo para combater a inflação e fazer o país crescer de forma sustentável, afirmou Roberto Campos Neto, presidente da instituição, ao ser questionado nesta quinta-feira (03) sobre as implicações do resultado da eleição na economia.

Campos Neto participou do painel “Caminhos para o crescimento em uma economia em mudança”, durante a Conferência Bancária Internacional do Santander, realizada em Madri, que na edição deste ano tem como tema central “Crescimento em um mundo fragmentado”.

"Geralmente os bancos centrais não falam muito sobre política, mas acho que a implicação é que, como podemos ver, o país está muito dividido. (...) Nossa principal função agora é seguir em frente. Acho que temos uma luta importante contra a inflação. Precisamos encontrar um caminho para o país crescer de forma sustentável e o mais importante para essas coisas para nós, agora, é continuar a agenda de digitalização. Vamos trabalhar com o novo governo da melhor maneira possível para que possamos alcançar essas coisas" frisou Campos Neto, ao ressaltar a importância da autonomia do Banco Central para condução da política monetária.

Combate à inflação
Questionado sobre a decisão de subir de forma rápida e elevada a Selic, taxa básica de juros na economia ainda no ano passado, Campos Neto afirmou que a interpretação do Banco Central brasileiro sobre o processo de inflação global foi “um pouco diferente” dos demais bancos centrais.

Segundo ele, o Brasil conviveu com inflação elevada por muito tempo e possui uma memória dos tempos de indexação, o que gera uma preocupação com o movimento de alta dos preços.

Ele citou ainda o período da crise econômica de 2015, em que a inflação chegou a dois dígitos e o país entrou em recessão:

"Para nós ficou muito claro que não podíamos correr esse risco" disse."Portanto, precisávamos começar a subir rapidamente. Vimos a inflação de alimentos subir primeiro aqui, junto com problemas climáticos com a escassez de chuvas e crise hídrica."

Apesar de reafirmar a importância do movimento de aperto monetário, Campos Neto ponderou que o ajuste da taxa de juros é sempre um desafio: se subir demais a taxa, desequilibra as expectativas, perde-se a âncora fiscal e a batalha contra a alta dos preços. E, se ajusta pouco, perde credibilidade e leva ao segundo erro de ter que subir demais os juros para compensar o primeiro.

"Você está sempre navegando entre esses dois desafios. (...) É difícil julgar isso no brasil, mas o que importa é que paramos de importar inflação."

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