Vendas da feira Agrishow devem bater recorde este ano e somar R$ 11 bilhões
Mesmo em meio a polêmicas, expectativa é de forte movimentação. Feira começa hoje e vai até 5 de maio
Em meio a polêmicas como o "desconvite" ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, cancelamento da abertura e de patrocínios do governo federal, como o do Banco do Brasil, a 28ª edição da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, a Agrishow, começa hoje, 1º de maio, e vai até o próximo dia 5, com expectativa de bater todos os recordes desde que começou a ser realizada, em 1994, na cidade paulista de Ribeirão Preto, a 313 quilômetros da capital paulista.
Só em negócios como venda de máquinas, implementos agrícolas, insumos, tecnologia espera-se superar os R$ 11,2 bilhões registrados no ano passado. Esse número já é 280% maior do que o registrado em negócios em 2019, ano em que a pandemia interrompeu por dois anos o evento.
Com esses números, a Agrishow é classificada como a maior feira do agronegócio da América Latina e está entre as maiores do mundo. Gera 5 mil empregos e promove uma injeção de R$ 400 milhões na economia da região, através do turismo de negócios.
Nos cinco dias do evento, deverão circular pelo menos 190 mil visitantes pelos estandes de 800 marcas que estão presentes nos 520 mil metros quadrados, uma área equivalente a 73 campos de futebol.
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Retomada do setor
Depois de dois anos em queda, o agronegócio deve puxar o crescimento da economia brasileira em 2023, segundo especialistas. Somente a produção de grãos deve crescer 15% este ano, o que significa que haverá necessidade de mais máquinas no campo.
— O produtor traz informações importantes para que as empresas possam aprimorar seus produtos e máquinas e desenvolver novas tecnologias para atender essas demandas. Por isso, na Agrishow temos os principais lançamentos para as pequenas, médias e grandes propriedades — disse Francico Matturro, presidente da Agrishow e ex-secretário de agricultura de São Paulo, durante coletiva de apresentação da feira.
Além dos produtores rurais, a Agrishow atrai desde indústrias, institutos de pesquisa, academia, startups até fornecedores de serviços e tecnologia. Elas levam suas principais novidades ao evento, que ajudam a aumentar a produtividade da agricultura brasileira, que tem o desafio de produzir mais sem avançar no desmatamento.
De acordo com o relatório Perspectivas Agrícolas 2021-2030 da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 87% do crescimento da produção agrícola mundial até 2030 virão do ganho de produtividade.
Também está na pauta dos produtores brasileiros a questão climática, com adoção de práticas que ajudem a reduzir as emissões de gases poluentes e o impacto ambiental da atividade.
— Os produtores estão em busca do que há de mais moderno em tecnologia agrícola para ampliar sua produtividade e aprimorar sua eficiência — disse João Carlos Marchesan, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), um dos organizadores da feira.
Novos produtos
Entre as empresas, a Massey Ferguson, de tratores e colheitadeiras, levará à Agrishow plantadoras com piloto automático, que garantem a distância ideal entre as linhas de plantio.
Um sistema de gerenciamento monitora o desempenho da máquina, como em um carro de Fórmula 1, evitando paradas inesperadas. A empresa também levará a tecnologia Precision Planting, de controle de adubo, que reduz em até 50% o desperdício de fertilizantes.
A Mosaic Fertilizantes vai oferecer produtos que melhoram a produtividade das lavouras, com foco na biodiversidade do solo, estimulando a presença de micro-organismos.
Segundo a empresa, depois de testes em três safras, os produtos geram um incremento de cinco e 14 sacas por hectare nas culturas de soja e milho, respectivamente. A Trimble Agricultura, divisão da companhia global de tecnologia, traz um sistema que aplica herbicidas de forma precisa sobre as plantas invasoras.
No setor automotivo, a Scania, fabricante de caminhões, apresentará pela primeira vez uma nova linha de caminhões com tecnologia Euro 6 (novo sistema de redução de emissões de poluentes) voltada para o agronegócio. Alguns deles são movidos a gás ou biometano.
A montadora Stellantis, donas de marcas como Fiat e Jeep, vai promover test-drive off-road nas picapes Ram 3500. A Ford vai oferecer condições especiais de financiamento da Ranger Limited, com taxa zero em 24 meses e 60% entrada, ou por meio do plano sazonal, com pagamentos semestrais. Essas condições valem apenas durante o evento.
A feira agrícola terá ainda atrações como o “Agrishow Pra Elas”, com atividades dedicadas às mulheres do agro, e o “Agrishow Labs”, uma arena para as startups apresentarem soluções tecnológicas e inovadoras, além da segunda edição do Prêmio Agrishow de Startups.