Volkswagen vai sair de Xinjiang, na China, região sob suspeita de trabalho forçado
Decisão encerra pressão de investidores sobre alegações de perseguição a minoria mulçumana e violação de direitos humanos em campos de detenção
A Volkswagen AG encerrará suas atividades em Xinjiang, cedendo à pressão de investidores preocupados com possíveis violações de direitos humanos na região ocidental da China,incluindo trabalho forçado em massa em campos de detenção.
A montadora alemã e sua parceira chinesa, a SAIC Motor, venderão uma pequena fábrica em Urumqi para uma unidade da estatal Shanghai Lingang Economic Development, anunciou a VW nesta quarta-feira. O valor da transação do acordo não foi divulgado.
A fabricante alemã também estenderá sua parceria com a SAIC por uma década, até 2040.
A Volkswagen enfrentou questões desconfortáveis sobre sua presença em Xinjiang devido a alegações dos Estados Unidos e de outros países de que a China teria utilizado trabalho forçado de uigures e outras minorias muçulmanas na vasta região.
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Pequim nega veementemente essas acusações, afirmando que seu programa, que visa melhorar os padrões de vida das minorias étnicas, foi mal interpretado.
A VW tem enfrentado dificuldades especialmente na China, onde marcas domésticas como a BYD agora dominam o mercado. Até 2030, a SAIC Volkswagen planeja lançar um total de 18 novos modelos no mercado, incluindo oito novos veículos elétricos.
As montadoras frequentemente enfrentam desafios relacionados à complexidade de suas cadeias de suprimentos, que geralmente incluem uma vasta rede de fornecedores e subfornecedores, o que facilita a ocultação da origem de determinados componentes.
Importação bloqueada por violação à lei contra trabalho forçado
Em fevereiro, as autoridades dos EUA bloquearam a importação de milhares de modelos Porsche, Bentley e Audi porque continham um componente chinês que violava as leis americanas contra trabalho forçado.
A instalação de Urumqi, que emprega 175 trabalhadores e anteriormente montava o modelo Santana da Volkswagen, não fabrica veículos, mas realiza verificações finais de qualidade em carros já montados, que são então enviados para concessionárias da região. A parceria da VW também venderá pistas de teste em Turpan e Anting para o mesmo comprador.
No fim do ano passado, a Volkswagen afirmou que auditores independentes não encontraram sinais de trabalho forçado na fábrica da joint venture, o que levou a agência de classificação MSCI dos EUA a retirar sua “bandeira vermelha” sobre as ações da empresa.
No entanto, em fevereiro, a VW informou que estava revisando novamente suas atividades na região após relatos com novas evidências, como fotos de trabalhadores uigures vestindo uniformes militares chineses.