Logo Folha de Pernambuco

tecnologia

Volta da Nintendo ao Brasil não tem a ver com redução de IPI por Bolsonaro

Há pouco mais de um ano, em afago à sua base gamer, Jair Bolsonaro (sem partido) reduziu impostos sobre consoles e jogos de videogames

O jogo mobile 'Mario Kart Tour'O jogo mobile 'Mario Kart Tour' - Foto: Divulgação/Nintendo

Depois de cinco anos fora daqui, a Nintendo volta oficialmente ao Brasil nesta sexta (18) e passa a distribuir o seu console, o Switch, em lojas locais -físicas e virtuais.

Há pouco mais de um ano, em afago à sua base gamer, Jair Bolsonaro (sem partido) reduziu impostos sobre consoles e jogos de videogames.

"Após ler em meu Face[book] o apelo do leitor Vennicios M. Teles pedindo para baixar impostos sobre jogos eletrônicos, resolvi consultar nossa equipe econômica", anunciou o presidente no Twitter, em julho de 2019.

Mas qualquer correlação apressada entre Bolsonaro e a vinda Nintendo é errada. É o que diz Romina Whitlock, diretora de marketing da Nintendo para a América Latina. "A gente sabe do amor do presidente e de seus filhos por games [risos]. Mas não, a gente vem planejando o retorno ao Brasil há anos", diz. Segundo ela, chegar no país após redução do IPI para videogames é apenas uma coincidência -o plano era ter voltado mais cedo em 2020, o que foi atrapalhado pela pandemia do coronavírus.

"Mas sim, claro, a redução de impostos ajuda um pouco, mas não temos planos de fabricar [o console] no Brasil", diz Whitlock.

A estratégia de ir comendo pelas beiradas teve início ainda em 2018, quando foram lançados cartões pré-pagos para jogos de Switch. Um ano depois, tiveram um stand gigantesco na BGS (Brazilian Game Show), importante evento de games no país -onde não dava as caras desde 2012. Este ano, deram um workshop para desenvolvedores brasileiros no BIG Festival, focado em jogos indies.

A volta da Nintendo também pode ter como consequência uma maior presença brasileira no Switch. Segundo Whitlock, a empresa está ativamente em busca de mais jogos brasileiros para compor a biblioteca da Nintendo. Um exemplo que fez sucesso no Switch em outros consoles é o "Horizon Chase Turbo", da Aquiris, estúdio de Porto Alegre. O jogo homenageia "Top Gear", clássico de corrida para Super Nintendo, nos anos 1990.

E o que de fato muda, agora, com a volta da empresa? O que há de mais palpável por enquanto é o fato da empresa voltar a oferecer assistência técnica focada nos brasileiros.

Mas haviam duas expectativas principais que pairavam nas redes sociais. A primeira era a chamada "localização" dos jogos, ou seja, tradução para o idioma local -os jogos de propriedade intelectual só da Nintendo, como os blockbusters "Super Mario Odyssey" e "Zelda: Breath of the Wild", não vêm em português brasileiro, e o console só tem a opção de português lusitano.

O encanador italiano Mario, entretanto, deve continuar sem falar nossa língua por enquanto -a empresa não tem previsão de traduzir ou dublar conteúdo para o português brasileiro, um dos pedidos mais recorrentes dos fãs brasileiros da Nintendo.

A segunda expectativa era de que a vinda da empresa japonesa impactasse os preços e aliviasse um pouco os bolsos dos nintendistas.

Alguns jogos, na verdade, tiveram um aumento recente. "Paper Mario", por exemplo, foi de R$ 250 para R$ 300.

O Switch terá o preço sugerido de R$ 2.999, que é um valor bem superior àquele que podia ser encontrado em meados do ano passado, quando o videogame podia custar em torno de R$ 1.800, em sites como Amazon. Mas, em contrapartida, também é um preço melhor do que R$ 4.000 -valor que tangenciou após os primeiros meses de quarentena no Brasil, período a partir do qual a procura pelo console explodiu.

"Esses são os preços hoje, com o câmbio como está hoje", avisa Whitlock.

Com o real desvalorizado, o dólar segue nas alturas, passando dos R$ 5. Junte a isso as dificuldades de logística e planejamento quem vêm com uma pandemia -o resultado dessa conta dificilmente seria um preço mais baixo.

"Eu sei que este é um momento estranho e triste. Com uma pandemia, o mundo como um todo não está indo bem economicamente. Então as flutuações da moeda mexeram com os nossos preços, e infelizmente isso foi parte da matemática que nós tivemos que fazer para que conseguíssemos chegar aí [no Brasil]", diz Whitlock.

"Se as coisas melhorarem, teremos um ajuste de preços", diz Whitlock, tentando não descartar um futuro mais otimista. Apesar disso, o clima brasileiro não parece ser dos melhores para os videogames -pelo menos a curto prazo.

A volta vai ocorrer também poucos dias após a Sony Brasil ter anunciado que irá fechar em março de 2021 a fábrica de Manaus (AM), e que não vai mais vender TVs, câmeras digitais e produtos de áudio no Brasil. A fábrica, no entanto, não produzia o PlayStation 4.

O Switch passa a ser distribuído no Brasil também em momento aquecido por lançamentos. Daqui a algumas semana, em novembro, Microsoft e Sony lançam seu novos e aguardados consoles de nova geração -o Xbox Series X e S e o PlayStation 5.

Veja também

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"
IA

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"

Newsletter