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Economia

Voos no mundo crescem 26%, e Europa faz planos para retomada do turismo pós-coronavírus

A retomada ocorre em meio a dificuldades financeiras das empresas aéreas, que acumulam prejuízos bilionários

Avião da GOLAvião da GOL - Foto: Divulgação/GOL

O número de voos no mundo cresceu na última semana 26% desde que atingiu seu ponto mais baixo, em meados de abril, devido à pandemia do novo coronavírus.

A semana mais parada de maior paralisação da aviação mundial foi a de 18 a 25 de abril, quando a quantidade de aviões comerciais no ar era um quarto da registrada no fim de janeiro. Comparada com a média de voos na semana passada, porém, houve aumento de mais de 7.000 decolagens diárias.

A retomada ocorre em meio a dificuldades financeiras das empresas aéreas, que acumulam prejuízos bilionários. Latam e Avianca, duas maiores da América Latina, entraram neste mês com pedidos de recuperação judicial nos Estados Unidos.

Os dados são do site FlightRadar24, que monitora o tráfego aéreo em todo o planeta.

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O crescimento é observado principalmente na Europa, que começa a retomar atividades após quase dois meses de isolamento social. É o que vem acontecendo em aeroportos de Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Bélgica e Holanda.

Ainda assim, o volume de voos é muito inferior ao que se via antes da pandemia.

No Charles de Gaulle, em Paris, a semana do dia 19 a 25 deste mês teve média diária de decolagens 55% superior à de 1º a 7. Eram 38 voos por dia no início de maio, contra 59 agora, em um aeroporto que, há três meses, tinha mais de 570 decolagens em um só dia.

A situação é similar em Milão e em Madri, que, assim como a capital francesa, adotaram o lockdown para conter o avanço da Covid-19. São cidades acostumadas a receber milhões de turistas todos os anos, mas que, no auge da quarentena, chegaram a ter menos de 10 decolagens em um dia.

Na última semana, partiram do aeroporto de Milão uma média de 20 voos diários, e 22 de Madri. É um aumento de 67% e 38% em relação ao início de maio, respectivamente, embora não cheguem a um décimo do que se via antes do coronavírus.

O aumento tímido pode ser explicado não só pelo receio de governos e cidadãos a um possível novo aumento de casos de Covid-19 como pelo fato de que as fronteiras da União Europeia, fechadas desde março, ainda não tenham sido completamente reabertas.

Alguns países já têm flexibilizado gradualmente os controles nas fronteiras internas, seguindo recomendações da Comissão Europeia, braço executivo do bloco. A previsão é que as divisas sejam totalmente reabertas em meados de junho, quando as autoridades esperam que o turismo possa ser retomado com mais segurança.

Não há certeza, contudo, se a proibição à entrada de cidadãos estrangeiros não residentes na União Europeia será estendida.

A reabertura interna coincide com a proximidade do verão europeu, período de férias no hemisfério norte. É também quando as companhias aéreas pretendem minimizar os prejuízos fruto da quarentena e consequente fechamento de fronteiras mundo afora.

A Lufthansa, por exemplo, recebeu aporte de 9 bilhões de euros do governo alemão, que se tornou o principal acionista da empresa, com 20% do capital. A companhia anunciou que deve retomar em breve rotas para a Espanha, um dos países mais afetados pela pandemia, mas cujas praias recebem milhões de turistas anualmente.

De acordo com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a reabertura do país para o turismo deve começar em julho, quando será suspensa a quarentena obrigatória a quem esteve no exterior.

Também dependem especialmente do fluxo de turistas no verão países costeiros como Portugal e Grécia.

Mesmo o Brasil, que está longe de chegar à estabilização do número de casos e mortes por coronavírus, já começa a registrar aumento no número de voos. Em Guarulhos, houve crescimento de 48% na média diária de decolagens na última semana, em relação ao início do mês.

As aéreas Gol, Azul e Latam afirmaram que têm planos de expandir os voos, em alguns casos reduzidos em até 90%, no mês de junho.

No caso da Gol, 17 voos diários voltaram a funcionar no domingo (24). No próximo mês, a empresa terá 100 decolagens por dia, ante 68 em maio.

A Azul, por sua vez, retomará gradualmente as atividades em cinco aeroportos, com aumento de até 46% no volume de voos.

Já o grupo Latam informou nesta terça (26) que entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA para suas operações em cinco países, mas a afiliada do Brasil não foi incluída na solicitação. Por aqui, para além da expansão de rotas internas, a companhia prevê novos voos internacionais.

A decisão das aéreas brasileiras de ampliar linhas operantes contrasta com os dados oficiais de casos e mortes por coronavírus, ainda em ascendência acelerada no Brasil. Na terça, foram confirmados mais de mil novos óbitos, e o total ultrapassa os 24 mil.

A partir desta quinta (28), por determinação do governo de Donald Trump, cidadãos não americanos que viajaram ao Brasil nos 14 dias anteriores ficarão proibidos de entrar nos Estados Unidos.

Até há pouco epicentro da pandemia (agora na América Latina), os EUA ainda não registram aumento significativo de voos em seus principais aeroportos.

O JFK, em Nova York, cidade com mais mortos por coronavírus no mundo, manteve média de 87 decolagens diárias em maio –na primeira semana de março, eram quase 600 por dia.

No de Atlanta, um dos maiores no planeta, o quadro também é de estabilidade, ainda sem sinais claros de retomada.

A China, por sua vez, vê crescer com mais fôlego o movimento no aeroporto de Pequim, com aumento de 79% em relação ao início do mês. Por lá, o número de voos agora é maior que há dois meses, quando a Covid-19 começava a proliferar na Europa.

O país asiático, onde surgiu o coronavírus, deu início a medidas de isolamento social em janeiro, enquanto boa parte do mundo ainda não tinha dimensão do impacto da doença, e reabriu antes.

Em abril, ápice da quarentena na Europa e nas Américas, a cidade de Wuhan, foco inicial da epidemia, saiu do confinamento após mais de dois meses de restrições.

Acompanhe a cobertura em tempo real da pandemia de coronavírus

 

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