X, de Musk, usa dados de usuários para treinar IA sem autorização
Opção para barrar uso de informações pessoais está disponível apenas na versão do app para desktop. Regulador europeu quer transparência
A rede social X, de Elon Musk, está usando sem consentimento os dados de seus usuários para treinar o Grok, seu chatbot de inteligência artificial criado para concorrer com o ChatGPT, da Open AI, e que fica integrado à plataforma.
Na sexta-feira, os usuários descobriram que seus posts no site, bem como suas interações com o chatbot Grok, estavam sendo usadas automaticamente para "treinamento e ajuste fino" dos sistemas do xAI sem autorização explícita para o compartilhamento de dados.
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A opção para barrar uso de informações pessoais e posts só pode ser desabilitada na versão do app para desktop do X, e não pelo aplicativo para celular.
Segundo reportagem do Financial Times, o órgão de proteção de dados da Europa está "buscando clareza" sobre a mudança, abrindo espaço para um novo escrutínio regulatório na plataforma de mídia social.
A Comissão de Proteção de Dados da Irlanda, o regulador responsável por manter as empresas de internet sob a lei de privacidade da UE, disse que estava em contato com a X "por meses" para se inteirar sobre seus planos de empregar os dados de seus usuários para criar sistemas de IA.
Além da Europa, o uso de textos, imagens e vídeos de redes sociais para desenvolver e aperfeiçoar seus modelos de linguagem generativa, como o ChatGPT, está sob contestação também no Brasil, onde a Meta passou a usar dados públicos compartilhados por brasileiros em suas redes sociais Instagram e Facebook.
No início do mês, o governo, por meio de sua Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), determinou que a empresa suspenda essa prática no país. Com isso, a Meta deverá interromper as normas para a internet brasileira, sob pena de multa diária de R$ 50 mil, informou o colunista Lauro Jardim em seu blog no Globo.
A autoridade brasileira investiga possíveis violações da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD ), como o processamento de informações pessoais de crianças sem os devidos cuidados.
A prática adotada pela rede social de Musk foi criticada pelo Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), que alerta que a mudança na rede social X teria ocorrido sem informação ou consentimento prévio dos usuários.
“Concretamente, vemos um design malicioso: há uma pré-seleção da opção de que os consumidores aceitariam o uso de seus dados para fins de tratamento de IA. Esse consentimento não deveria ser pressuposto e, sim, explícito”, apontou o órgão de defesa do consumidor, em seu comunicado.
"O Idec destaca sua indignação ao ver mais uma ‘big tech’ explorando consumidores para fins de crescimento de seu poder econômico”, acrescentou o órgão.
No fim de junho, o Idec notificou a Meta, dona do Facebook, Instagram e Whatsapp, por utilizar dados de consumidores para fins de treinamento de sua inteligência artificial generativa.