A importância da leitura em um mundo conectado
Quase metade da população brasileira não lê um livro regularmente, enquanto 75% está presente em rede social
Um dos maiores desafios para um educador é estabelecer um hábito de leitura em seus alunos em meio ao mundo digital. A chegada de novas tecnologias e a maior difusão da internet em território nacional ampliou o acesso e o volume das informações disponíveis para consumo dos brasileiros. Porém até que ponto esse contato elevado é prejudicial à formação do estudante como leitor?
De acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” realizada em 2020 pelo Instituto Pró-livro, 48% da população não possui um hábito de leitura regular. A faixa etária que possui o maior contato com os livros vai da infância até a adolescência, mais especificamente dos cinco aos 18 anos de idade. Mesmo neste recorte, o consumo de leitores reduziu na última década.
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Em contraste, o número de internautas em território nacional aumentou. Até o fim de 2021, haviam em torno de 159 milhões de brasileiros presentes nas redes sociais diariamente e a expectativa é que esta quantidade atinja a marca de 184 milhões até o fim de 2026, segundo dados do banco de estatísticas Statista.
Segundo o professor de literatura Daniel Bandeira, esse aumento no fluxo comunicacional é uma das principais razões para o declínio do interesse na leitura tradicional por parte da juventude.
“Os jovens, de forma geral, lêem muito, mas só aquilo que interessa a eles. É o que está na moda, o que está alta nas redes, o que foge um pouco das obras tradicionais. Existe um bloqueio que precisamos quebrar aos poucos. No campo da leitura, eles tendem a recorrer a sínteses, ou resumos de internet, então sempre fica uma carência de como foi produzido o texto integral”, analisou.
Na maioria dos casos, este relacionamento próximo com os livros surge no início da infância, com a influência dos pais. A criação de uma rotina que favoreça o contato da criança com a leitura pode auxiliar no processo de alfabetização, além de aprimorar o aprendizado do aluno no decorrer da jornada acadêmica.
“Nós (pediatras) incentivamos que os pais tenham em seu dia a dia o momento da leitura, inicialmente com os livros que tenham mais desenhos e pequenas palavras, para poder não ser algo cansativo. Aos poucos, você vai fazendo uma transição para livros maiores, com mais palavras”, pontuou a pediatra Lizandra Carriço.
A aluna do Colégio Aplicação da UPE Eduarda Fernandes, de 17 anos, possui uma paixão pela literatura, nascida de contato com gibis e livros desde a infância. No Ensino Médio, a estudante critica o pouco incentivo à leitura no decorrer da sua jornada no colégio. “Eu acho que a escola não dá a devida atenção à leitura, apenas quando você é muito pequeno no Ensino Médio. Então você vai de textos muito simples para complexos”, finalizou.