Um governador que alavancou o desenvolvimento
Como governador, Marco Maciel criou o maior programa habitacional, com a entrega de 100 mil casas. Na educação, foram criadas 167 mil novas vagas
Com um nome em consolidação crescente na política nacional, Marco Maciel foi alçado ao Poder Executivo. Ministro, vice-presidente da República por dois mandatos e governador de Pernambuco, se estabeleceu como um dos grandes articuladores políticos do Brasil. Aliou discrição e objetividade, percorrendo e atuando por todas as mudanças do sistema político brasileiro, do regime militar ao restabelecimento da democracia. Participou, por exemplo, das discussões que culminaram com o início do processo de redemocratização, com a Emenda Constitucional Nº 11, de 1978, que revogou, entre outros atos institucionais, o AI-5.
Governador
No ano seguinte, filiado à Arena - que mais tarde se tornaria Partido Democrático Social (PDS) - foi indicado governador pelo então presidente Ernesto Geisel. À frente do Executivo estadual, atuou pela implantação de condutas democráticas, tendo como mote de trabalho o slogan "Desenvolvimento com Participação". "Quando fui Governador de Pernambuco, no período de 1979 a 1982, adotei as chamadas práticas participativas de democracia, mesmo porque entendo que a democracia representativa não colide, não se choca com práticas participativas, chamadas de democracia direta", narrou Marco Maciel, em discurso no Senado, em setembro de 2005.
Programas
Os avanços proporcionados a Pernambuco foram efetuados nas mais diversas áreas. “Foi um dos maiores governadores que Pernambuco já teve. Era um processo de transição do Regime Militar e ele foi um dos artífices dessa abertura pactuada e ele tinha um grande prestígio. Isso permitiu a ele, por exemplo, fazer o maior programa de habitação que Pernambuco já assistiu, com 100 mil casas. Ele usava o prestígio que tinha nacionalmente para fazer com que Pernambuco se beneficiasse”, explica o deputado federal André de Paula (PSD), um dos herdeiros políticos de Maciel.
Suape
Na gestão de Maciel, o Complexo Industrial Portuário de Suape teve sua implantação efetivamente iniciada. O Metrô do Recife foi viabilizado financeiramente e sua construção saiu do papel também sob sua gestão. Na Educação, foram criadas 167 mil novas vagas. Na Saúde, Maciel foi pioneiro no País ao pagar pensão para portadores de hanseníase. O abastecimento de água, carência recorrente do Estado, foi estendido para 70 cidades, distritos e vilas pernambucanas.
Vice dos sonhos
Com Maciel, FHC teve um vice confiável, cuidadoso e atuante. "Eu viajava bastante, sem nenhuma preocupação quanto ao comportamento do vice: sempre leal e atento aos interesses do governo. Era o companheiro ideal, a despeito de nossas origens políticas diversas. Seus cuidados eram tantos, mesmo no plano pessoal, que marcava os trechos que eu deveria ler de livros ou jornais. Meu avô foi comandante militar da Região Nordeste e Marco me trouxe informações sobre uma Liga Pernambucana contra o Analfabetismo, criada por meu avô. Fazia isso com o mesmo empenho com que acompanhava as ações do Congresso", frisa Fernando Henrique.
Companheiro
Na convivência, FHC passou a conhecer melhor Marco Maciel, ao ponto de identificar o que era mais caro ao companheiro. "Marco se envolveu em muitos temas importantes. Mas tinha duas 'paixões': a reforma política e seu Pernambuco natal", resume. O sentimento por Pernambuco permaneceu ao longo de toda a sua atuação em Brasília. A explicação pode vir de um dos seus pensamentos marcantes. "Todo político é sempre um político provinciano. Por mais universal que seja a vocação de cada um, é na terra em que nascemos que buscamos força, inspiração e alento". Atento às raízes que lhe fortaleceram, Marco Maciel cresceu e marcou seu nome na história da política de Pernambuco e do Brasil.